domingo, 28 de outubro de 2012







sábado, 27 de março de 2010

Cotas ou não cotas - That's NOT the question!

 E o debate continua...
A sociedade brasileira ainda não entendeu que o tema não são cotas ou não-cotas.
Em primeiro lugar devemos discutir se concordamos que em nosso país existe discriminação.
Depois se existem mais pessoas com nítida ascendência africana entre os mais pobres.

Após concordarmos (e certamente haverá polêmicas em relação a estes pontos) podemos identificar se queremos um país mais justo e quais os meios de chegarmos ao nosso objetivo.

Sem isso continuarão os argumentos que as cotas "inventam o racismo"no Brasil.  Ou que podemos nos "separar"enquanto debatemos.
Parece brincadeira, mas alguma pessoas fingem não olhar para as favelas e sinais de trânsito.
Fingem desconhecer a História. Imigraçoes para "melhorar" a população, perseguições à religião dos africanos e descendentes, estruturas informais que mantem o status quo.

Fingem desconhecer a si mesmos. Porque sabemos que uma pele mais clara no Brasil sempre abriu portas.
Quem já enalteceu (ou busca conhecer) a sua genealogia negra/africana?
Todos somos europeus no trabalho, na propaganda.
E agora somos todos negros em entrevistas para mostrar que somos "prafrentex".

A verdade a que vamos nos defrontar é que nunca seremos um país europeu.
E quanto mais nos desenvolvermos seremos o exemplar mais rico da mistura neste planeta.
Somos uma experiência cultural ímpar mas ainda não aprendemos a nos amar como mestiços.
Como além-europeus, africanos e asiáticos.

Precisamos fazer algo.

Basta de hipocrisia. Somos avaliados pela cor da pele e pelo crespo dos nossos cabelos.


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STF abre debate sobre cotas raciais nas universidades
Plantão
Publicada em 03/03/2010 às 17h19m  - O Globo

Evandro Éboli e Demétrio Weber

BRASÍLIA - No primeiro dia do debate sobre cotas no Supremo Tribunal Federal (STF) foram ouvidos os dois lados da questão. O Supremo ainda não definiu a data para julgar ação do DEM que questiona os critérios raciais utilizados pela Universidade de Brasília (UnB) pelo sistema de cotas. O relator, ministro Ricardo Lewandowsk, disse que o assunto deve entrar na pauta ainda neste ano.

A vice-procuradora-geral da República Débora Duprat defendeu o princípio das cotas raciais. Ela rebateu a crítica de que, como não existem raças (do ponto de vista biológico), não faria sentido criar cotas raciais. Débora lembrou que o próprio Supremo já julgou que, biologicamente falando, não existem raças.
- É óbvio que não existe - disse ela, classificando esse argumento contra contas de "surrado".

Mas a procuradora ponderou que o racismo independe dessa questão biológica. Ela defendeu o mecanismo das cotas raciais para promover a igualdade material

A advogada Roberta Kaufmann, que falou em nome do DEM, autor da ação no STF, disse que "não é porque há cota para esquimó no Canadá ou para dalite na Índia, que qualquer cota é válida no mundo". A advogada disse questionou razão de cotas para negros se não há para seguidores do hare krishna, testemunhas de Jeová e nordestinos.

Compondo a mesa de debates, o ministro Joaquim Barbosa estava visivelmente incomodado com o conteúdo da explanação de Roberta. Num andar acima, onde dois telões exibiam ao vivo os debates, uma plateia majoritariametne favorável às cotas, vaiava a advogada, chamada "racista" e "escravagista".

O pesquisador e professor da Universidade de Brasília José Jorge Carvalho, um dos responsáveis pela inclusão das cotas na instituição fez um histórico e disse que, em 2000, a universidade contava com apenas 15 professores negros entre os 1.500. Carvalho fez a conta e afirmou que, dos 43 expositores desse debate do STF, que segue até sexta-feira, 30 são professores. E, destes, 28 são brancos e dois apenas negros.

- Reproduzimos aqui essa profunda desigualdade racial - afirmou.

O senador Demóstenes Torres (DEM-GO), que sugeriu ao DEM entrar com a ação, disse que os números de pretos e pardos no Brasil é manipulado para dar a impressão de que a maioria da população brasileira é negra. Diz que há um "golpe estatístico". Disse que 87% da população tem sangue de negro, "como eu". Para ele, a adoção de cotas irá reavivar o racismo no país. Ao falar sobre o atendimento à saúde pública para negros, disse:

- Será mesmo que uma mulher negra não realiza uma tomografia computadorizada no SUS? - questionou o senador .

terça-feira, 12 de maio de 2009

A moda é discriminar...



Já falamos deste tema no blog. Lá vai de novo...

Deu, em uma nota minúscula no JN (que como sempre acredita na "democracia racial"):

Modelos protestam contra discriminação racial em SP

Querem realmente saber? Então leiam:

Promotores vão investigar racismo nos desfiles da SPFW

Levantamento da Folha aponta que só 28 dos 1.128 modelos eram negros --ou 2,5%.
Segundo dados do IBGE de 2006, 6,9% da população brasileira se declaram pretos, 42,6% dizem ser pardos e 49,7% consideram-se brancos.


"Mas o fato é que também há poucos negros preparados para a carreira de modelo. Não é preconceito, é uma herança. Quem tem que mudar isso é a sociedade", afirmou o estilista Borges.


Qual o percentual de negros na Europa e nos EUA (onde são a minoria e não a maioria como no Brasil)?

Brasiligual pergunta: quem é a sociedade? No Brasil são os outros: o presidente, os deputados, etc. Os outros. Um estilista não tem responsabilidade. Afinal tudo é muito grande e somos uma formiguinha. Mentira...

Fica ainda mais fácil no caso da moda globalizada. Pode-se esconder à vontade. Cabe a nós corrigirmos esta tendência. A diversidade é necessária.

Na verdade, o JN e o Sr. Borges estão bem de vida, campeões de audiência, logo, para quê (ou quem) mudar? Para que mexer na ferida?


Na reportagem fica claro que os "personagens" querem se identificar como não-racistas (um adotou um filho a outra tem um avô negro).
Não entendem que isto não significa que não tenham ou reproduzam racismo. Seria melhor que se compreendessem racistas.


O racismo à brasileira é o da convivência. O do abraço e o do sorriso. Da porta aberta (a de serviço). Mais brando? Claro que não. Vejam:

“Na Fashion Week já tem muito negro costurando, fazendo modelagem, muitos com mãos de ouro, fazendo coisas lindas, tem negros assistentes, vendedoras, por que têm de estar na passarela?”


No "seu lugar" o negro é bem vindo...


"O que disse ao jornalista é que não tenho problema nenhum em relação a negros e não teria problema nenhum em realizar um desfile só com negros. Já tive e tenho negras no meu casting, disse que colocaria sim mais negras, desde que as agências enviassem meninas que se adequassem ao perfil do desfile (cada desfile tem um tema). Quanto a preconceito, não posso ter preconceito com negros, mesmo porque tenho avô negro. Não acredito em cota, acredito em mérito. Se você é inteligente, você entra em uma faculdade. Se você é especial, você desfila, independente da cor. "


Perfil, boa aparência... A boa vizinhança brasileira à toda prova...

Acreditar que não exista um percentual mínimo de negros capazes de desfilar é simplesmente ir contra o bom senso... Não falamos de 30% e sim de 2,3% de negros desfilando!


Mas, vislumbra-se uma luz no fim do túnel...

Diário Catarinense

Kenia acrescenta que no Donna Fashion, evento promovido pelo Diário Catarinense, do qual ela é produtora, esta nova mentalidade ficou evidente nas últimas cinco edições.

– Antes nos diziam que não queriam os modelos negros porque não combinavam com o desfile. Hoje já há uma busca não só por negros, mas pela diversidade – afirma ela.



Brasil, EUA e Africa do Sul. O Brasil é o único dos três que não tocou na ferida. Até quando?

domingo, 4 de janeiro de 2009

Brasil: 60 anos de atraso

Veja este video!
As ideias de inferioridade dos negros estão muito vivas em TODOS nós.
O Brasil possui politicas oficiais racistas desde a colonia até os dias de hoje.
Na colonia, a proibição de possuir comercio, com Getulio a proibição de imigração de negros e asiaticos, hoje a boa aparencia, a limpeza étnica na nossa propaganda.

(enquanto isso ficamos felizes por Obama. Lá. No entanto, Brasiligual tem certeza: um presidente negro irá acelerar as discussões e atitudes, mesmo no Brasil)

(UOL: http://tvuol.uol.com.br/#view/id=esquadrao-que-combateu-racismo-participa-da-posse-de-obama-04023468CC895326/user=1575mnadmj5c/date=2009-01-04&&list/type=all/edFilter=all/sort=mostRecent/)





A bela e dura historia dos negros americanos do esquadrão aéreo mostra a diferença do racismo à brasileira e americano.
Nosso potencial de construção de uma nova sociedade é muito maior: somos um povo com base miscigenada mas a nossa realidade é de discriminação.
Enquanto os americanos lutam contra o preconceito os brasileiros o escondem, acobertam e sorriem comop se estivessem em um evento social. Palavras duras e assuntos pesados são evitados como se fôssemos loiras alices.
Veja o filme.

Os homens invisiveis do Brasil

Às
vezes andando nas ruas de Copacabana, me sinto como um fantasma.

Estou ao lado das pessoas, mas percebo que sou uma incômoda presença. Quase os atravesso, q

<>

Cidadãos de bem, velozes, em suas avenidas mentais. O último tênis, o último corte de cabelo, estão apenas cuidando de si. Ilhas e ilhas.

Ah, como queira que aquele menino com suas bolas de tênis nos surpreendesse com a sua habilidade no saibro. Gugas negros.

Somos milhões. E somos etéreos como o ar, por que como maioria, apenas assim podem nos ser indiferentes. Não pesamos quase nada ( e somos milhões!), nos adaptamos a quaisquer situações ("nós faz tudo dotô!).

Cidadãos de bem. Vejo milhares passarem por mim, e mesmo tendo cumprido um verdadeiro roteiro de cinema eu não estou aqui.

Me olho no espelho da vitrine da loja da esquina. Muito jovem, nem mesmo eu me vejo na minha novela das oito.

Afinal quantos protagonistas negros eu já havia visto?

Um segundo, um milímetro e agarro aquela bolsa, dou um piparote naquele guarda, dou um aú e uma rasteira naqule velhinho. Ah, um arrastão! Um mar como eu, em disparada, algazarra, que meninada!

Mais uma vez quase desisto de tudo. Estou descumprindo o papel que está tatuado em minha pele. Sou um marginal. O fato de estar em condicional não altera o meu crime.