A moda é discriminar...
Já falamos deste tema no blog. Lá vai de novo...
Deu, em uma nota minúscula no JN (que como sempre acredita na "democracia racial"):
Modelos protestam contra discriminação racial em SP
Querem realmente saber? Então leiam:
Promotores vão investigar racismo nos desfiles da SPFW
Levantamento da Folha aponta que só 28 dos 1.128 modelos eram negros --ou 2,5%.
Segundo dados do IBGE de 2006, 6,9% da população brasileira se declaram pretos, 42,6% dizem ser pardos e 49,7% consideram-se brancos.
"Mas o fato é que também há poucos negros preparados para a carreira de modelo. Não é preconceito, é uma herança. Quem tem que mudar isso é a sociedade", afirmou o estilista Borges.
Qual o percentual de negros na Europa e nos EUA (onde são a minoria e não a maioria como no Brasil)?
Brasiligual pergunta: quem é a sociedade? No Brasil são os outros: o presidente, os deputados, etc. Os outros. Um estilista não tem responsabilidade. Afinal tudo é muito grande e somos uma formiguinha. Mentira...
Fica ainda mais fácil no caso da moda globalizada. Pode-se esconder à vontade. Cabe a nós corrigirmos esta tendência. A diversidade é necessária.
Na verdade, o JN e o Sr. Borges estão bem de vida, campeões de audiência, logo, para quê (ou quem) mudar? Para que mexer na ferida?
Na reportagem fica claro que os "personagens" querem se identificar como não-racistas (um adotou um filho a outra tem um avô negro).
Não entendem que isto não significa que não tenham ou reproduzam racismo. Seria melhor que se compreendessem racistas.
O racismo à brasileira é o da convivência. O do abraço e o do sorriso. Da porta aberta (a de serviço). Mais brando? Claro que não. Vejam:
“Na Fashion Week já tem muito negro costurando, fazendo modelagem, muitos com mãos de ouro, fazendo coisas lindas, tem negros assistentes, vendedoras, por que têm de estar na passarela?”
No "seu lugar" o negro é bem vindo...
"O que disse ao jornalista é que não tenho problema nenhum em relação a negros e não teria problema nenhum em realizar um desfile só com negros. Já tive e tenho negras no meu casting, disse que colocaria sim mais negras, desde que as agências enviassem meninas que se adequassem ao perfil do desfile (cada desfile tem um tema). Quanto a preconceito, não posso ter preconceito com negros, mesmo porque tenho avô negro. Não acredito em cota, acredito em mérito. Se você é inteligente, você entra em uma faculdade. Se você é especial, você desfila, independente da cor. "
Perfil, boa aparência... A boa vizinhança brasileira à toda prova...
Acreditar que não exista um percentual mínimo de negros capazes de desfilar é simplesmente ir contra o bom senso... Não falamos de 30% e sim de 2,3% de negros desfilando!
Mas, vislumbra-se uma luz no fim do túnel...
Diário Catarinense
Kenia acrescenta que no Donna Fashion, evento promovido pelo Diário Catarinense, do qual ela é produtora, esta nova mentalidade ficou evidente nas últimas cinco edições.
– Antes nos diziam que não queriam os modelos negros porque não combinavam com o desfile. Hoje já há uma busca não só por negros, mas pela diversidade – afirma ela.
Brasil, EUA e Africa do Sul. O Brasil é o único dos três que não tocou na ferida. Até quando?