terça-feira, 12 de maio de 2009

A moda é discriminar...



Já falamos deste tema no blog. Lá vai de novo...

Deu, em uma nota minúscula no JN (que como sempre acredita na "democracia racial"):

Modelos protestam contra discriminação racial em SP

Querem realmente saber? Então leiam:

Promotores vão investigar racismo nos desfiles da SPFW

Levantamento da Folha aponta que só 28 dos 1.128 modelos eram negros --ou 2,5%.
Segundo dados do IBGE de 2006, 6,9% da população brasileira se declaram pretos, 42,6% dizem ser pardos e 49,7% consideram-se brancos.


"Mas o fato é que também há poucos negros preparados para a carreira de modelo. Não é preconceito, é uma herança. Quem tem que mudar isso é a sociedade", afirmou o estilista Borges.


Qual o percentual de negros na Europa e nos EUA (onde são a minoria e não a maioria como no Brasil)?

Brasiligual pergunta: quem é a sociedade? No Brasil são os outros: o presidente, os deputados, etc. Os outros. Um estilista não tem responsabilidade. Afinal tudo é muito grande e somos uma formiguinha. Mentira...

Fica ainda mais fácil no caso da moda globalizada. Pode-se esconder à vontade. Cabe a nós corrigirmos esta tendência. A diversidade é necessária.

Na verdade, o JN e o Sr. Borges estão bem de vida, campeões de audiência, logo, para quê (ou quem) mudar? Para que mexer na ferida?


Na reportagem fica claro que os "personagens" querem se identificar como não-racistas (um adotou um filho a outra tem um avô negro).
Não entendem que isto não significa que não tenham ou reproduzam racismo. Seria melhor que se compreendessem racistas.


O racismo à brasileira é o da convivência. O do abraço e o do sorriso. Da porta aberta (a de serviço). Mais brando? Claro que não. Vejam:

“Na Fashion Week já tem muito negro costurando, fazendo modelagem, muitos com mãos de ouro, fazendo coisas lindas, tem negros assistentes, vendedoras, por que têm de estar na passarela?”


No "seu lugar" o negro é bem vindo...


"O que disse ao jornalista é que não tenho problema nenhum em relação a negros e não teria problema nenhum em realizar um desfile só com negros. Já tive e tenho negras no meu casting, disse que colocaria sim mais negras, desde que as agências enviassem meninas que se adequassem ao perfil do desfile (cada desfile tem um tema). Quanto a preconceito, não posso ter preconceito com negros, mesmo porque tenho avô negro. Não acredito em cota, acredito em mérito. Se você é inteligente, você entra em uma faculdade. Se você é especial, você desfila, independente da cor. "


Perfil, boa aparência... A boa vizinhança brasileira à toda prova...

Acreditar que não exista um percentual mínimo de negros capazes de desfilar é simplesmente ir contra o bom senso... Não falamos de 30% e sim de 2,3% de negros desfilando!


Mas, vislumbra-se uma luz no fim do túnel...

Diário Catarinense

Kenia acrescenta que no Donna Fashion, evento promovido pelo Diário Catarinense, do qual ela é produtora, esta nova mentalidade ficou evidente nas últimas cinco edições.

– Antes nos diziam que não queriam os modelos negros porque não combinavam com o desfile. Hoje já há uma busca não só por negros, mas pela diversidade – afirma ela.



Brasil, EUA e Africa do Sul. O Brasil é o único dos três que não tocou na ferida. Até quando?

domingo, 4 de janeiro de 2009

Brasil: 60 anos de atraso

Veja este video!
As ideias de inferioridade dos negros estão muito vivas em TODOS nós.
O Brasil possui politicas oficiais racistas desde a colonia até os dias de hoje.
Na colonia, a proibição de possuir comercio, com Getulio a proibição de imigração de negros e asiaticos, hoje a boa aparencia, a limpeza étnica na nossa propaganda.

(enquanto isso ficamos felizes por Obama. Lá. No entanto, Brasiligual tem certeza: um presidente negro irá acelerar as discussões e atitudes, mesmo no Brasil)

(UOL: http://tvuol.uol.com.br/#view/id=esquadrao-que-combateu-racismo-participa-da-posse-de-obama-04023468CC895326/user=1575mnadmj5c/date=2009-01-04&&list/type=all/edFilter=all/sort=mostRecent/)





A bela e dura historia dos negros americanos do esquadrão aéreo mostra a diferença do racismo à brasileira e americano.
Nosso potencial de construção de uma nova sociedade é muito maior: somos um povo com base miscigenada mas a nossa realidade é de discriminação.
Enquanto os americanos lutam contra o preconceito os brasileiros o escondem, acobertam e sorriem comop se estivessem em um evento social. Palavras duras e assuntos pesados são evitados como se fôssemos loiras alices.
Veja o filme.

Os homens invisiveis do Brasil

Às
vezes andando nas ruas de Copacabana, me sinto como um fantasma.

Estou ao lado das pessoas, mas percebo que sou uma incômoda presença. Quase os atravesso, q

<>

Cidadãos de bem, velozes, em suas avenidas mentais. O último tênis, o último corte de cabelo, estão apenas cuidando de si. Ilhas e ilhas.

Ah, como queira que aquele menino com suas bolas de tênis nos surpreendesse com a sua habilidade no saibro. Gugas negros.

Somos milhões. E somos etéreos como o ar, por que como maioria, apenas assim podem nos ser indiferentes. Não pesamos quase nada ( e somos milhões!), nos adaptamos a quaisquer situações ("nós faz tudo dotô!).

Cidadãos de bem. Vejo milhares passarem por mim, e mesmo tendo cumprido um verdadeiro roteiro de cinema eu não estou aqui.

Me olho no espelho da vitrine da loja da esquina. Muito jovem, nem mesmo eu me vejo na minha novela das oito.

Afinal quantos protagonistas negros eu já havia visto?

Um segundo, um milímetro e agarro aquela bolsa, dou um piparote naquele guarda, dou um aú e uma rasteira naqule velhinho. Ah, um arrastão! Um mar como eu, em disparada, algazarra, que meninada!

Mais uma vez quase desisto de tudo. Estou descumprindo o papel que está tatuado em minha pele. Sou um marginal. O fato de estar em condicional não altera o meu crime.