sábado, 8 de dezembro de 2007

Ah, a História! Darwin e o Brasil: "A escravidão me dá nojo!"

Darwin, esteve no Brasil.
O que ele escreveu?



Em:http://www.igrejanova.jor.br/edmarabr03.htm

DARWIN E A ESCRAVIDÃO


Inácio Strieder

Quando se fala em Charles Darwin, lembramo-nos imediatamente da teoria da evolução, da sobrevivência do mais forte, da seleção natural. Darwin, no entanto, também era socialmente sensível. Após a sua viagem, de 1831-1836, publicou o relato que fez a bordo do Beagle, navio que o levou por cinco anos pelo Atlântico e pelo Pacífico. Este relato da "Viagem de um Naturalista ao redor do Mundo" foi publicado, pela primeira vez, em 1839 e teve, posteriormente, uma edição corrigida pelo próprio Darwin. Na viagem de ida, o Beagle encostou em Salvador da Bahia e no Rio de Janeiro. Na volta, aportou novamente em Salvador e, por causa de ventos contrários, entrou também no Porto do Recife. Em 19 de agosto de 1836 deixou definitivamente as costas brasileiras, rumo ao Cabo Verde. As considerações de Darwin sobre a escravidão no Brasil são relativas ao que observou no Rio de Janeiro, na viagem de ida, e, na viagem de retorno, quando permaneceu por alguns dias em Recife.

Quando Darwin deixou Londres, em dezembro de 1831, tinha apenas 22 anos de idade. Era um jovem curioso, sensível e crítico. No Rio de Janeiro, em abril de 1832, um inglês o convidou para visitar sua fazenda, afastada da cidade. Nesta viagem, Darwin observa a situação dos escravos, e presencia o suicídio de uma escrava negra, precipitando-se de um rochedo, quando estava para ser recapturada. Darwin também viu escravos recebendo chibatadas e serem marcados a ferro. Além disto, testemunhou também a desumanidade de um dono de escravos, que, por pura ganância, separou diversas famílias de escravos, arrancando esposas a maridos, filhos a pais, irmãos a irmãos, enviando-os ao mercado de escravos no Rio de Janeiro, para que fossem vendidos. Presenciou também a humilhação de um escravo, mais humilhado do que o mais miserável animal doméstico, que nem levantou a mão para se proteger de um golpe que lhe foi desferido no rosto. Em Recife, ao sair pelas ruas, Darwin declara que ouviu gritos de escravos sendo torturados nos fundos das casas. E confessa que, mesmo posteriormente quando já na Inglaterra, toda vez que ouvia gritos de alguma pessoa, se lembrava dos gritos dos escravos sendo torturados no Brasil.

Quando Darwin deixa o Porto do Recife, relata que dá graças a Deus por poder deixar as costas brasileiras, e espera nunca mais precisar voltar ao Brasil, enquanto ali perdurasse o sistema de escravidão.

No seu livro "Viagem de um naturalista ao redor do mundo", Darwin também escreve que, em conversas no Rio de Janeiro, ouviu "pessoas de bem" afirmarem que a escravidão era um mal tolerável. Estas pessoas diziam-lhe que perguntasse aos próprios escravos, em suas casas, como se sentiam. Darwin observa que, evidentemente, nenhum escravo era tão burro para criticar os seus donos. Pois, mais dia menos dia o patrão chegaria a saber, e o resultado seria a chibata. Darwin se mostra escandalizado com estes "escravocratas de bem", pessoas que todos os dias rezavam a Deus, pedindo-Lhe que se fizesse Sua vontade na terra como no céu. A consideração da escravidão, como mal tolerável, só podia provir de elites que nunca haviam entrado nas senzalas e observado a vida miserável e de humilhação nestes ambientes. E Darwin adverte, primordialmente como naturalista, que a tortura e a humilhação dos escravos também tinha o seu limite. Pois, até mesmo os animais mais domesticados, quando torturados e humilhados, se tornavam violentos. Sinais de reação já se podiam observar, quando muitos donos de escravos demonstravam um grande medo, temendo vinganças destes homens rebaixados a condições inferiores às dos animais.

Assim, Darwin deixou as costas brasileiras, declarando que, objetivamente, não gostava do Brasil, por causa do regime de escravidão. Claro, entretanto, a história caminhou mais 165 anos. Mas, o que diria Darwin hoje das condições sociais do Brasil? Das dezenas de milhares de pessoas ainda hoje trabalhando em regime de escravidão? Será que muitas das violências que, todos os dias, nos assustam e escandalizam não são reflexo das sombras do regime de escravidão, que humilhou, durante séculos, a maioria da população trabalhadora no Brasil? Talvez, a observação de Darwin, de que até os animais domésticos se tornam violentos, quando torturados, fosse um dos pontos de partida para analisar algumas das manifestações de violência no Brasil de hoje.

domingo, 2 de dezembro de 2007

Negro em Salvador - Negro no Brasil - Lidere!

Para quem so pula atrás do trio eletrico, atras das cordas protetoras do Carnaval de Salvador e nao ve a realidade.
No Brasil dizem nao existir preconceito racial porque somos "misturados", no entanto todos sabem a cor e aparencia da "boa aparencia" e a cor dos que estão fora das cordas, dos clubes.
Esta divisão não vem por merito, por um sistema educacional de iguais oportunidades. Pelo contrario, as vagas são preenchidas de pai para filho, por QI (quem indica) e por manter as escolas publicas com um baixo nivel.
No mundo moderno a maior riqueza é o capital humano, e o Brasil despreza o potencial de milhões de cidadãos negros.
Daí a conclusão: temos que quebrar os preconceitos e ver que transformar o nosso futuro em Negro é definitivamente bom.

Quer estatisiticas então leia! (das Nações Unidas):
Em: http://www.pnud.org.br/raca/reportagens/index.php?id01=1698&lay=rac





Belo Horizonte, 02/01/2006
Bairros ricos repelem negros em 7 capitais.
Mesmo com renda elevada e grau de escolaridade avançado, negros optam mais por viver em distritos com renda média inferior

ALAN INFANTEda PrimaPagina

As pessoas com renda elevada e grau de escolaridade avançado tendem a morar em bairros de classe alta, certo? Nem sempre. Um estudo que incluiu nessa combinação o componente racial mostra que a cor pode ser mais determinante que o poder de compra e a educação na hora de o indivíduo escolher o lugar onde vai morar. As condições socioeconômicas são um importante fator para que os negros sejam maioria nas áreas carentes e minoria nas regiões mais ricas, mas essa distribuição espacial da população também está ligada à discriminação.
A avaliação está no estudo
Desigualdades Raciais nas Condições Habitacionais da População Urbana, produzido pelo economista e demógrafo Eduardo Rios Neto, professor do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). O trabalho, que municiou a elaboração do Relatório de Desenvolvimento Humano Brasil 2005 — Racismo, pobreza e violência, mostra por meio de mapas que em sete grandes capitais — São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Recife, Salvador e Porto Alegre — os distritos com menor proporção de pobres são também os que têm menor percentual de negros.
O trabalho aponta que há uma maior segregação racial nas classes mais altas, “o que se pode inferir que a segregação racial entre brancos, pretos e pardos não pode ser atribuída apenas ao status socioeconômico, fatores como auto-segregação e racismo também têm que ser levados em consideração”.
O levantamento revela que em Belo Horizonte, por exemplo, quase 40% da população que está entre os 20% mais ricos precisaria mudar de bairro para que a proporção de pretos e brancos fosse a mesma em todas as áreas da cidade. Ou seja, existem pessoas pretas que, apesar de terem condições de morar em um distrito de classe media alta, optam por viver em áreas onde o padrão de renda é inferior. O mesmo se observa entre a população com mais de 11 anos de estudo (curso superior completo). Nesse grupo, 40% dos negros e 40% dos brancos precisariam passar a viver em outra região para que a distribuição espacial fosse equânime.
Esse percentual da população que precisaria se deslocar para que a distribuição espacial fosse igual — chamado pelo estudo de índice de dissimilaridade — não fica abaixo de um quinto em nenhuma das capitais pesquisadas. Em Salvador, onde mais de três quartos da população é negra, essa taxa chega a 30%. Em Recife, que tem o melhor índice, esse percentual é de 20%. “Os dados também demonstram que a segregação entre brancos e pretos é quase sempre maior que a segregação entre brancos e pardos”, ressalta o texto.
“A segregação racial residencial — onde indivíduos do mesmo grupo se concentram nos mesmos lugares, levando, dentre outras coisas, a uma desigualdade urbana — pode ser conseqüência de fatores relacionados às diferenças socioeconômicas, discriminação no mercado imobiliário ou a preferência de viver em vizinhança com pessoas de cor ou raça similar”, afirma o estudo, que atribui a análise a John Iceland, doutor em sociologia pela Universidade de Maryland, nos Estados Unidos.
Essa distorção racial na distribuição espacial da população é agravada pelas deficiências estruturais típicas das regiões mais pobres. Em 2000, o percentual de negros que viviam em aglomerados subnormais era de 5,1%, enquanto a taxa dos brancos era de 2,8%. “Embora representassem menos da metade da população total, os negros constituíam dois terços da população ‘favelada’ do Brasil”, destaca.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Januario Garcia - olhar negro, olhar brasileiro

Januario Garcia

Colômbia, Outubro de 2006. Foto: Januário Garcia

Um nome a conhecer melhor. Mais uma grande personalidade negra.
Inteligente, vivaz , otimo argumentador Januario nos conquisata com argumetos simpatia e charme.
O movimento negro nao precisa ser carrancudo. Nos brasileiros reinvidicamos unindo, abraçando.
Busque Januario. Ele sempre esteve perto de nos e com o seu olhar sobre um povo.

Em: http://www.palmares.gov.br/005/00502001.jsp?ttCD_CHAVE=334

Caçador da BELEZA

Januário Garcia acabou de chegar de Salvador. É uma manhã de sol, num domingo, no Rio de Janeiro. Marcamos a entrevista para às quatro da tarde, na casa dele, em São Cristóvão. Fotógrafo e uma das mais expressivas lideranças negras do Brasil, Januário esteve antes na Nigéria, para fotografar o carnaval da África. Notou muitas semelhanças com a festa de rua de Salvador e resolveu concluir o trabalho na Bahia. São fotos que vão se juntar a um rico acervo que conta a história do movimento negro no Brasil - desde os anos 60. Mas esse não é o único ângulo escolhido pelo ex-menino de rua que um dia trocou Belo Horizonte pelo Rio. A cidade foi generosa com ele. Nos anos 70 e 80, Januário Garcia foi um dos principais fotógrafos das capas dos antigos Long Plays dos grandes nomes da MPB. A foto do urubu em pleno vôo no disco homônimo de Tom Jobim é de Januário, Caetano Veloso no colo da mãe do disco "Muito" também, o Raul Seixas dos dez mil anos atrás também. A lista inclui ainda Chico Buarque, Tim Maia, Belchior, entre outros.

O risonho Januário

O táxi me deixa na porta de um prédio de quatro andares numa rua tranqüila, com crianças nas calçadas. Subo as escadas e sou atendido por Januário, dono de uma risada contagiante. Começamos a conversa por Tom Jobim, "uma pessoa diferenciada", conta Januário. Ele está preparando uma exposição "Instantes Instantâneos" do Maestro, com imagens de Tom e parceiros como Edu Lobo.

Como foi feita a foto do urubu? pergunto. Januário busca na memória o final do verão de 1976. Tom regressava dos Estados Unidos com um disco feito com total liberdade e recursos próprios. Voltou estimulado a conhecer melhor os hábitos do urubu. Passava horas no Jardim Botânico e na Tijuca observando a ave. Quando foi hora de escolher o nome do disco não teve dúvida: "Urubu". O desafio era fazer uma foto do bicho em pleno vôo para ilustrar a capa. Tom pediu ajuda ao filho Paulo Jobim, que tinha uma moderna máquina fotográfica, e foram inúmeras tentativas de registrar o bicho. Com o tempo, chegaram a conclusão de que precisavam da ajuda de um profissional. Tom recorreu então a Januário Garcia. "Ele me disse que "Urubu" era o disco mais bonito que tinha feito e pediu para embalar o trabalho com o coração". Foi preciso também certo preparo físico.

....

Com Raul

Raul Seixas é outra personalidade inesquecível. "Ele chegou com um litro de uísque que bebeu em pouco tempo, depois pegou uma garrafa de cachaça de Salinas e também bebeu. Aí disse a ele. Raul, você não tem medo de morrer bebendo desse jeito. Ele olhou o infinito, ficou em silêncio, não respondeu. Alguns minutos depois veio uma resposta que sintetiza toda a criação de Raul - "Januário não tenho medo de morrer, tenho medo de deixar de existir". Januário reforça o mito em torno de outro artista, Tim Maia. "Esse era difícil, a gente marcava a foto, arrumava uma pessoa do tamanho dele para definir a melhor luz, quando estava tudo pronto, toda a equipe esperando Tim chegava e dois minutos depois abandonava o estúdio". "Não vou fazer a foto hoje", dizia o compositor de "Só quero dinheiro".

Não foram só as estrelas da MPB que cruzaram o caminho de Januário. Ele mostra um caderno especial do Rio de Janeiro, com fotos de ângulos pouco vistos da cidade maravilhosa publicado pelo Jornal do Brasil. "Olha só quem escreveu os textos desse ensaio". Vejo o nome de nosso poeta maior - Carlos Drummond de Andrade.

Januário tem olhos de caçador e nasceu para ver a beleza. Quando vivia nas ruas do Rio de Janeiro, ainda adolescente pegou uma pneumonia que quase o levou à morte. "Eu estava no hospital e escutei o médico comentando que tinha poucas chances de vida, na hora juntei todas as minhas forças pela vida. Foi um milagre". Graças a esse milagre, Januário pode traduzir em imagens a música e a poesia do Rio de Janeiro. Antes da despedida, olhamos pela janela do apartamento. Na rua ainda estão as crianças.

- "Repare nas casas, sem muros, e só se fala em violência". O Rio é tranqüilo em São Cristóvão, no final da tarde de domingo. As balas estão perdidas em outros lugares. A cidade que luta contra a violência foi capaz também de transformar um ex-menino de rua em Januário Garcia, caçador da imagem do urubu em pleno vôo, da mãe terra e dos mistérios da existência.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Taís Araújo faz desabafo sobre paparazzi






























Em entrevista a uma publicação ela manda esses profissionais fotografarem casamentos

Taís Araújo manda um recado para os paparazzi: “Vai fotografar casamento, batizado, meu querido! Não pára de nascer criança para ser batizada e nem de casar gente”. O desabafo foi feito à revista “Lounge”, que chega às bancas na próxima semana no Brasil e em Portugal. Na matéria, a atriz que foi fotografada por Paschoal Rodrigues em estilo “black power fashion”, revelou sua insatisfação com os fotógrafos que só se preocupam em registrar imagens não autorizadas dos artistas.

“Eles enfocam só a vida pessoal e não mostram o que tem que mostrar. O nosso trabalho fica para segundo plano. Eles ainda têm a audácia de dizer que é o ganha-pão”. Na reportagem para a "Lounge", a mulher de Lázaro Ramos falou sobre o desejo de montar e atuar “A Megera Domada”, de Shakespeare e confessou o sonho de que chegue ao fim o preconceito contra os atores negros. “Eu sou uma mulher negra. O que espero da vida é que um dia possam me escalar para um papel e que não tenha na sinopse, ela é negra”.




domingo, 7 de outubro de 2007

A NOBREZA DO LEBLON VEM DO PASSADO...

http://www.ihp.org.br/docs/es19991116.htm

AS CAMÉLIAS DO LEBLON E A ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA

Eduardo Silva

Um quilombo no que é hoje a Zona Sul do Rio, uma princesa (Isabel) que acolhia escravos fugidos no seu palácio e uma flor que servia de símbolo de um movimento subversivo: historiador junta as peças do quebra cabeça e reconstitui episódio esquecido do Império.

A crise final da escravidão, no Brasil, deu lugar ao aparecimento de um modelo novo de resistência, o que podemos chamar quilombo abolicionista. No modelo tradicional de resistência à escravidão, o quilombo rompimento, a tendência dominante era a política do esconderijo e do segredo de guerra. Por isso, esforçam-se os quilombolas exatamente em proteger seu dia-a-dia, sua organização interna e suas lideranças de todo tipo de inimigo ou forasteiro, inclusive, depois, os historiadores.

Já no modelo novo, o quilombo abolicionista, as lideranças são muito bem conhecidas, cidadãos prestantes, com documentação civil em dia e, principalmente, muito bem articulados politicamente. Não mais os poderosos guerreiros do modelo anterior, mas um tipo novo de liderança, uma espécie de instância de intermediação entre a comunidade de fugitivos e a sociedade envolvente. Sabemos hoje que a existência de um quilombo inteiramente isolado foi coisa rara. Mas, no caso dos quilombos abolicionistas, os contatos com a sociedade são tantos e tão essenciais, parte do jogo político da sociedade envolvente.

O Quilombo do Jabaquara, em São Paulo – uma das maiores colônias de fugitivos da história – é um bom exemplo do novo paradigma da resistência. O quilombo organiza-se em torno da “casa de campo de abolicionista” e os quilombolas erguem seus barracos com dinheiro recolhido entre pessoas de bem e comerciantes de Santos. A população local, inclusive as senhoras de bom nome, protege o quilombo das investidas policiais e parece fazer disso um verdadeiro padrão de glória. Quintino de Lacerda, o chefe do quilombo, levou uma vida bastante confortável e morreu rico, deixando extensa lista de bens, móveis e imóveis, para seus herdeiros, incluindo um pequeno tesouro amealhado em jóias de ouro e moedas de prata. Quintino não era um guerreiro no mesmo sentido que o foi Zumbi dos Palmares, o indomável general. Era já uma espécie de administrador, articulador, líder populista, intermediário, enfim, entre o quilombo e a sociedade em torno.

Sobre o quilombo do Leblon, no Rio de Janeiro, as notícias são ainda mais surpreendentes. A começar por seu idealizador, ou chefe, que era o português José de Seixas Magalhães. Os quilombolas não demonstravam qualquer indício de preconceito racial. Também o Seixas, positivamente, era um homem de idéias avançadas, dedicado à fabricação e comércio de malas e sacos de viagem na Rua Gonçalves Dias, no Centro, onde já utilizava os mais modernos recursos tecnológicos. Suas malas feitas com máquina a vapor, eram reconhecidas pelo mundo afora, e mereceram prêmios tanto na Exposição do Rio de Janeiro, quanto na Exposição de Viena d`Áustria.

Além de sua fábrica a vapor, o Seixas possuía uma chácara no Leblon, onde cultivava flores com o auxílio de escravos fugidos. Seixas ajudava os fugitivos e os escondia na chácara do Leblon com a cumplicidade dos principais abolicionistas da capital do Império, muitos deles membros proeminentes da Confederação Abolicionista. A chácara de flores, a floricultura do Seixas, era conhecida mais ou menos abertamente como o “quilombo Leblond”, ou “quilombo Le Bloon”, então um remoto e ortograficamente ainda incerto subúrbio à beira-mar. Era, digamos, um quilombo simbólico, feito para produzir objetos simbólicos. Era lá, exatamente, que o Seixas cultivava as suas famosas camélias, o símbolo por excelência do movimento abolicionista.

Naquela época, como infelizmente ainda hoje, a camellia japonica era uma planta relativamente rara no Brasil, introduzida no Rio de Janeiro há uns 60 anos, se tanto. Exatamente como a Liberdade que se pretendia conquistar, a camélia não era uma flor dessas comuns, naturais da terra e encontradiças soltas na natureza. Era, pelo contrário, uma flor especial, estrangeira, cheia de melindres com o sol, que requeria know-how, ambiente, mão-de-obra, relações de produção, técnicas de cultivo e cuidados muitíssimo especiais. Ainda em 1897, quase dez anos depois da Abolição, Olavo Bilac ainda contrapunha as “flores da mata”, a nossa natureza comum daqui mesmo, com as sofisticadas camélias, símbolo de refinamento e civilização. “Aí tens tu, leitor amigo, as flores da mata...Se não as queres, aqui tens as camélias formosíssimas, filhas da civilização, primores nascidos e criados à custa de cuidados sem conta”.

Como Quintino do quilombo do Jabaquara, o imigrante Seixas era um homem muito bem relacionado. Além da cumplicidade que tinha com os grupos abolicionistas do Rio, contava com a proteção da própria Princesa Isabel. Pelo menos o homem fornecia suas camélias, em bases regulares, ao Palácio das Laranjeiras, então residência da princesa e hoje sede do governo do Estado. As camélias do Leblon enfeitavam não apenas a mesa de trabalho da Princesa, como ainda sua capela particular, onde se apegava a Deus e fazia suas orações.

Para esse serviço simbólico, o Seixas reservava, é claro, as mais belas camélias do seu quilombo.

Tudo isso pode parecer muito interessante, mas, se pensarmos bem, a simples existência de um quilombo como o do Leblon, assim tão atuante e tão simbólico, não podia deixar de ser um escândalo público permanente, perpetrado nas barbas da polícia. O quilombo do Leblon era um ícone do movimento abolicionista, uma de suas melhores bases simbólicas e um dos seus trunfos para a negociação política. Por isso, na verdade, ninguém parecia muito interessado em dissimular ou esconder a existência do quilombo do Leblon, nem mesmo o Seixas ou qualquer de seus amigos abolicionistas. Estes, pelo contrário, lá promoviam ótimas festas de confraternização, batucadas animadíssimas, como aquela que aconteceu, por exemplo, no dia 13 de março de 1886, aniversário do Seixas. A turma abolicionista passou a noite toda na farra do Leblon e só lembrou de voltar altas horas da madrugadas. E vinham eles em animada cantoria pelo caminho, os quilombolas na maior folga do mundo tocando suas violas, e os abolicionistas aos gritos sediciosos de “vivam os escravos fugidos!” Isso durante todo o percurso a pé, do quilombo até chegar no Largo das Três Vendas, na Gávea, onde ficava o ponto final do bondinho puxado a burro que os traria de volta à civilização.

Além das festas e da batucada, outra boa evidência de que o Seixas não estava preocupado em esconder a existência do quilombo pode ser encontrada na subscrição popular que ofereceu uma pena de ouro à Princesa Regente, para com ela assinar a lei da Abolição. A lista é encabeçada pelo diretor da Revista Ilustrada, o abolicionista Angelo Agostini, e traz entre seus assinantes, todos pessoas físicas, uma entidade coletiva, o “Quilombo Leblond” como aparece escrito, e que todo mundo sabia tratar-se do Seixas das malas.

Quando o chefe de polícia, desembargador Coelho Bastos, o famoso “rapa-coco”, quis agir e pôr fim à cantoria abolicionista que se fazia na Gávea, no ponto final dos bondes, o Seixas foi protegido pela própria Princesa Isabel e, por trás dela, pelo Imperador do Brasil, que, segundo consta, pediu ao Barão de Cotegipe que encerrasse o caso sem maiores formalidades ou investigações.

A Princesa Isabel também protegia fugitivos em Petrópolis. Temos sobre isso o testemunho insuspeito do grande abolicionista André Rebouças, que tudo registrava em sua caderneta implacável. Só assim podemos saber hoje, com dados precisos, que no dia 4 de maio de 1888, “almoçaram no Palácio Imperial 14 africanos fugidos das Fazendas circunvizinhas de Petrópolis”. E mais: todo o esquema de promoção de fugas e alojamento de escravos foi montado pela própria Princesa Isabel. André Rebouças sabia de tudo porque estava comprometido com o esquema. O proprietário do Hotel Bragança, onde André Rebouças se hospedava, também estava comprometido até o pescoço, chegando a esconder 30 fugitivos em sua fazenda, nos arredores da cidade. O advogado Marcos Fioravanti era outro envolvido, sendo uma espécie de coordenador geral das fugas. Não faltava ao esquema nem mesmo o apoio de importantes damas da corte, como Madame Avelar e Cecília, condessa da Estrela, companheiras fiéis de Isabel e também abolicionistas da gema. Às vésperas da Abolição final, conforme anotou Rebouças, já subiam a mais de mil os fugitivos “acolhidos” e “hospedados” sob os auspícios de Dona Isabel.

André Rebouças, o intelectual negro de maior prestígio da época, fazia uma ponte entre o esquema de fugas montado pela Princesa, em Petrópolis, e o alto comando do movimento abolicionista, no Rio de Janeiro: o pessoal da Confederação Abolicionista, Joaquim Nabuco, Joaquim Serra, João Clapp, José Carlos do Patrocínio.

O quilombo de Petrópolis, o quilombo do Leblon ou o quilombo do Jabaquara são quilombos abolicionistas, isto é, fazem parte já do jogo político da transição. Para o modelo anterior, o quilombo rompimento, o melhor exemplo será sempre o de mocambos guerreiros como o mocambo heróico de Acotirene; o mocambo de Dambrabanga; o mocambo de Zumbi; o mocambo do Aqultume, sua mãe; o mocambo de Andalaquituche, seu irmão; a Cerca de Subupira; a Cerca Real do Macaco e toda a confederação a que chamamos Palmares.

Com a proteção do Imperador, felizmente, o quilombo do Leblon nunca chegou a ser investigado, continuando a Princesa a receber calmamente os seus ramalhetes de camélias subversivas. E com isso, como se pode imaginar, crescia barbaramente o poder simbólico das camelliaceas dentro do movimento político, sobretudo das que pudessem ser identificadas como “camélias do Leblon” ou “camélias da Abolição”. Na guerra simbólica que se instaura, uma ou outra vez, a Princesa ousou aparecer em público – o que era sempre notado pelos jornais – com uma dessas flores do Leblon a lhe adornar o vestido. O simbolismo estará presente até na hora da assinatura da lei, quando aproximou-se da princesa o presidente da Confederação Abolicionista, João Clapp, e lhe fez entrega, solenemente, de um “mimoso bouquet de camélias artificiais”. E, logo em seguida, quando aproximou-se também o imigrante Seixas, honrado fabricante de malas, que passou às mãos da Princesa um outro belíssimo buquê de camélias. Desta feita, contudo, camélias naturais, vindas diretamente do quilombo do Leblon.

Na verdade, a hoje aparentemente insuspeita camélia, fosse natural ou artificial, era um dos símbolos mais poderosos do movimento abolicionista. A flor servia, inclusive, como uma espécie de código através do qual os abolicionistas podiam ser identificados, principalmente quando empenhados em ações mais perigosas, ou ilegais, como o apoiamento de fugas e a obtenção de esconderijo para os fugitivos. Um escravo de São Paulo, por exemplo, que desse às de vila-diogo e viesse parar no Rio de Janeiro, podia identificar imediatamente os seus possíveis aliados, já na plataforma de desembarque da Estação D. Pedro II, simplesmente pelo uso de uma dessas flores ao peito, do lado do coração. Caso o fugitivo ignorasse totalmente os princípios básicos dessa semiótica, dificilmente poderia contar com a proteção da poderosa Confederação Abolicionista, fundada em 1883, cujo programa era, simplesmente, combater o regime. A camélia era bem o símbolo da Confederação Abolicionista e de seus métodos de ação direta. Naquele tempo, usar uma camélia na lapela, ou cultivá-la acintosamente no jardim de casa, era uma quase confissão de fé abolicionista. Alguns pés remanescentes desse tempo simbólico ainda podem ser encontrados em velhos jardins da cidade do Rio de Janeiro. São documentos vivos da história do Brasil.

Notas:

O autor é pesquisador da Fundação Casa de Rui Barbosa.

Na Casa de Rui Barbosa, no Rio de Janeiro, (Rui também atuou firmemente no movimento abolicionista) - existem, ainda hoje, três pés de camélias: dois no jardim frontal e um embaixo da janela do seu quarto de dormir.

domingo, 26 de agosto de 2007

A Justiça brasileira enxerga e discrimina!

Brasiligual identifica: temos que nos mobilizar para torna a Justiça brasileir um instrumento de iguladade.

Hoje vemos que:
1) Os promotores, juízes e funcionários não dão o exemplo de conduta -


2) Os julgamentos demoram anos


3) Os pobres são julgados pela sua condição social e cor


O que voce pode fazer... PROTESTE!!!

Apoie ativamente. Mande e-mail de apoio ao
Procurador da Republica : afernando@pgr.mpf.gov.br
Presidente do Superior Tribunal Federal:

Procurador insiste que STF abra ação penal contra os 40 acusados de envolvimento no mensalão


terça-feira, 24 de julho de 2007

Agora que voce já esqueceu!

Este gesto deveria ser repetido por negros em todas as competições.
Diogo Silva até ser o 1.o atleta a ganhar o ouro do Pan era invisível, parte das estatisticas. Daqui a pouco, pode ser que volte à invisibilidade.
Diogo, você é um exemplo para todos nós, e o seu gesto, suas palavras quando ganhou a medalha de ouro, foram inspiradoras.
Temos que usar cada milimetro na mídia para expressar mais do que a tríade: cerveja, molejo e suor.
Obrigado, campeão!





Campeão no tae-kwon-do defende cotas para negros e critica falta de apoio

Fonte: AgenciaBrasil
16-07-2007 19:30:34 - Brasil - ( Notícias ) - AgenciaBrasil
Um dia após conquistar a primeira medalha de ouro para o Brasil nos Jogos Pan-Americanos, Diogo Silva, atleta do tae-kwon-do, contou que “ralou” bastante até conseguir ser campeão.

Negro, filho de mãe solteira e manicure, Diogo nasceu em 1982 e foi criado num bairro pobre de Campinas, interior de São Paulo. Criança agressiva, foi levada ao tae-kwon-do aos sete anos para “queimar as energias”, após recomendação de um psicólogo. Descobriu o esporte e não parou mais. Tempos depois, fez nova descoberta: o rap, principalmente o do norte-americano Snoop Dogg, do qual tirou inspiração para o cabelo rastafári.

Diante da realidade social e esportiva difícil, que ele resolveu protestar e chamou a atenção da mídia, pela primeira vez, nas Olimpíadas de Atenas, em 2004. Na luta em que perdeu a medalha de bronze, ainda no tatame ele levantou o punho cerrado, seguindo um célebre cumprimento dos Panteras Negras, expoente do movimento black power, e usado pelos velocistas negros dos Estados Unidos, nas Olimpíadas de 1968 no México. À época, os atletas norte-americanos Tommie Smith e John Carlos foram impedidos de participar dos jogos novamente.

Segundo Diogo Silva, o gesto em Atenas foi para levantar questões de discriminação racial no país e para protestar contra as condições de treinamento na modalidade.

A favor das cotas para negros nas universidades, o lutador faz parte do movimento hip-hop de Campinas. Faz sempre questão de expôr sua visão crítica do mundo, e acha que os atletas brasileiros deveriam ter essa preocupação. “O esporte e a política caminham juntos, e os atletas precisam ter uma visão crítica. O Brasil precisa de boas referências”, destacou.A sua conquista foi dedicada aos companheiros da delegação brasileira de tae-kwon-do, que sofrem com a falta de patrocínio e com o “descaso" da Confederação Brasileira de Tae-Kwon-Do, responsável pela regulação oficial da modalidade e pelos repasses de recursos a atletas. “O nosso passado não é muito diferente do nosso presente. A maior dificuldade é financeira. Muitos atletas têm que custear a prática do esporte com o dinheiro do próprio bolso. Espero que, com essas medalhas no Pan [o tae-kwon-do ganhou também uma de prata, com Márcio Wenceslau], a gente consiga atrair mais público e patrocínios”, assinalou.

Para chegar a medalha de ouro, Diogo tirou dinheiro do próprio bolso. No início deste ano, gastou os R$ 5 mil que tinha separado para comprar um carro, para viajar à Bélgica e fazer sua preparação para os jogos do Rio de Janeiro. “Por diversas vezes pensei em desistir, porque já não tinha condições de me manter no esporte. Precisei me manter forte, não fraquejar. Essa foi minha maior barreira para chegar até aqui”, frisou.

Na noite de ontem (15), depois da vitória, ele conta que foi difícil “pregar” o olho para dormir. Colocou a medalha na cabeceira da cama, “para sonhar um pouco”, e ficou admirando o brilho do ouro, “meio extasiado”. “Pensei na minha mãe, que foi fundamental na minha vida. Pensei, também, que a minha maior vitória é a persistência, por saber que muitos ao meu redor desistiram, caíram, e eu continuo de pé”, finalizou.

Com sua cabeleira rastafári, seu sorriso fácil, Diogo Silva vive com R$ 600,00 por mês, pagos pela Confederação Brasileira de Tae-Kwon-Do. Pela manhã de hoje (16), viveu um dia cercado por fãs e atendeu a todos com carinho. Em meio ao tumulto, alguém deu a idéia para organizar a bagunça: formou-se então uma fila para fotos e autógrafos. Sempre simpático e atencioso, o atleta não tirava o sorriso do rosto.
Sinto muito orgulho do que está acontecendo agora na minha vida. Sou um atleta que ralou muito para poder estar recebendo esse carinho do público. Esta é minha gratificação”, disse ainda emocionado Diogo. Ontem, enrolado na bandeira do Brasil, chorou durante a execução do Hino Nacional, após vencer o peruano Peter Lopez na categoria até 68 quilos.

sábado, 14 de julho de 2007

A África nos deu o sangue e os ossos! - Antonio Olinto

Fenomenal frase!







Ontem na Globonews Alexandre Garcia comandava um painel sobre racismo, cotas, etc.
A iniciativa é fantástica porque nos leva ao debate e a encarar de frente esta que e a nossa maior vergonha: o preconceito racial.
O brasileiro se recusa a ir ao divã.
Neste painel a debatedora (procuradora) alegou que o mito da democracia racial seria benéfico por nos lembrar que somos iguais.
Brasiligual discorda: o mito serve para que todos estejamos confortaveis com a situacao atual. Ja que aqui nao existe cor (somos todos morenos) e uma traicao, coisa de chatos falar de racismo.

Ora, quantos negros (ou morenos) são destaques nas novelas, propagandas,etc?
O Vasco da Gama foi o primeiro clube de futebol a admitir negros. Aonde estavam os fiscais da democracia até então?

Não surpreeende a nós negro esta reação. O Estado brasileiro esteve sempre a serviço de uma minoria social e racial. Teorias foram elaboradas ou distorcidas para manter as coisas como sempre.

O brasileiro não gosta de ser "moreno". O brasileiro não é samba.
Quando ele quer ouvir musica negra, ouve jazz, blues. Maracatu, samba-de-roda, nunca.

É como se fossemos orfaos de mãe. E a nossa raiz negra, nos associasse com o que desprezamos.
O brasileiro se associa com a cor da pele mais clara porque esta é a cor do poder e das revistas de moda.

Mas este é o seculo da diversidade e ecologia.
Temos uma verdadeira integração aqui. Preto come sushi. Japa é mestre-sala. Branco come farinha.

Brasiligual decreta: Somos mais que Europa!Não vamos ter medo de sermos África!

Somos D-I-F-E-R-E-N-T-E-S.

E bradamos aos sete céus de KETO: Somos brasileiros, orgulhosos da nossa origem negra!

Acesseo site da Olympus (UM DIA NA AFRICA!) e veja estas fotos: http://www.olympus-global.com/en/event/DITLA/gallery/index.html

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Coincidência? Exagero?



"Além da impunidade, o espancamento de Sirlei levanta outra questão: o que leva jovens de famílias endinheiradas a cometer crimes? Nos últimos tempos, casos que envolvem delinqüentes bem-nascidos têm engrossado o noticiário policial. Para a psicanalista Junia de Vilhena, que coordena a Clínica de Violência na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, dois pontos combinados explicam esse comportamento: o primeiro é a falta de limites e valores nas famílias. “Os pais só querem ser amigos, não conseguem suportar a raiva dos fi lhos e acabam permitindo tudo. Desde crianças, eles não são acostumados a sofrer a conseqüência de seus atos. Não acreditam em punição”, afi rma. O segundo ponto é a idéia de que negros e pobres são cidadãos de segunda classe. O sociólogo Gilson Caroni Filho concorda: “Aqueles rapazes não saltaram do carro para bater numa prostituta ou numa doméstica. Saltaram para bater numa pessoa pobre. Boa parte da classe média ainda pensa sob a lógica da casa-grande e da senzala”.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Cotas na Universidade Federal do Rio Grande do Sul










Em:

http://ufrgsprocotas.noblogs.org/








Claudia Fonseca (antropóloga, professora do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da UFRGS, Núcleo de Antropologia e Cidadania)

"Brasil não é um país racista", ouvi na televisão ontem de um professor da UFRGS se manifestando contra cotas raciais. Que alívio, penso eu. Então o fato de brancos no Brasil viverem na média seis anos mais do que negros deve ser conseqüência de algum problema físico desses "outros".

Brasil "não tem segregação racial", leio numa coluna de opinião contra as cotas. Que bom. Aquela porção (quase o dobro dos brancos) que vive amontoada nos aglomerado subnormais deve refletir um gosto cultural pela vida simples. "Não há prova estatística impedindo a ascensão social de negros", leio de outro autor escrevendo contra cotas. Que consolo pensar que aquele grande número de negros vivendo abaixo da linha de pobreza ( 46.8% contra 22,4% dos brancos) deve ser porque eles simplesmente não se esforçam mais! Quanto à universidade, já que temos o vestibular para dar um atestado de neutralidade ao sistema meritocrático, devemos reconhecer que a falta de estudantes negros reflete não a discriminação racial, mas, sim, o quê? Uma inteligência inferior? Claro que não, pois esse seria um argumento racista. Não há negros na universidade, os anti-cotistas explicam, simplesmente porque esses postulantes ao vestibular têm menos anos de estudo do que os brancos e em escolas de pior qualidade. Seguindo essa lógica, a solução não é encontrar mecanismos para corrigir distorções e incluir esses historicamente prejudicados indivíduos na educação superior. É esperar que o sistema de educação fundamental melhore (ou se alguém está com pressa, que mude de bairro e entre numa escola de qualidade!).

Perdoem o tom irônico desse texto – mas fico pasma com esses argumentos pois, ao meu ver, revelam uma lógica profundamente racista. Pergunto – se não existe racismo no Brasil, como explicamos que, casualmente, os negros são os mais pobres, os mais doentes, os menos escolarizados da população? Se não é por causa da discriminação racial, deve ser por incompetência mesmo.... Quanto à questão do "racismo institucional", podem me explicar por que a porcentagem de negros no sistema prisional continua a bater todos os recordes? Além do "mero" efeito da pobreza desproporcional entre negros, pesquisadores como Sergio Adorno já demonstraram que, diante de acusações semelhantes, o réu negro é preso e condenado com muito mais freqüência do que seu cúmplice branco...

Aliás, é difícil entender como os anti-cotistas podem se abraçar aos argumentos sofistas de um jornalista, Ali Kamel, já amplamente criticado por sua total incompreensão da estatística (ver Luis Nassif ) quando os estatísticos mais qualificados do pais, trabalhando no IBGE e PNUD chegam a conclusões completamente opostas.

É como se os anti-cotistas estivessem comprando integralmente a noção da "democracia racial" – mito cunhado por Gilberto Freyre e já amplamente criticado por cientistas sociais durante esses últimos trinta anos. Claro que não existe segregação racial ou racismo no Brasil – do ponto de vista dos brancos que já têm acesso às benesses do ensino superior. Esses não têm preconceito contra "pessoas de cor", desde que elas aceitem se conformar ao lugar delas indicado pelas regras "universais" de nossa seleção. Será que algum jovem afro-brasileiro já mostrou ressentimento pelo fato de que não encontra praticamente nunca um médico ou dentista negro? De que, conforme o IBGE, o negro brasileiro, em 2000, ganha na média a metade do que ganhava o branco brasileiro em 1980 (com valores corrigidos)? De que um colega branco tem mais de cem vezes as chances de entrar na universidade (obrigada André). Bem – talvez haja um pouco de ressentimento – mas esse ressentimento não é nada em relação ao ódio racial que os brancos vão sentir se imaginam que algum negro está "burlando" o sistema (que sempre funcionou tão bem!) e passando na frente da fila. É assim que devemos entender o argumento dos anti-cotistas?

Se a maioria desses argumentos soam absurdos, há alguns que expressam uma dúvida compreensível. Será que cotas na universidade pública vão servir para combater a discriminação racial e desigualdade social no Brasil? É evidente que, nessa sociedade complexa, não é possível prever todas as variáveis que vão influenciar os resultados – positivos e problemáticos – das cotas. É também evidente que uma política isolada não surtirá por si só grande efeito. Por outro lado, a situação atual é intolerável para qualquer cidadão consciente do grau de desigualdade (racial e social) em nosso país.

Já existem mais de trinta instituições no país experimentando diferentes formas de cotas e, ao que tudo indica, não ocorreu nenhum cataclismo. Na grande maioria de casos, as cotas não semearam conflitos raciais entre os estudantes, não provocaram a perda de prestígio, nem a repentina degringolada de qualidade do ensino superior. Em outras palavras, a experiência com cotas – tal como a experiência com cotas para mulheres, indígenas,"nordestinos", ou qualquer outra categoria -- rende resultados diversos que valem a pena ser observados, analisados para reconhecer erros e ir aprimorando o sistema. Mas, para tanto, temos que ter a coragem de ensaiar novas políticas. A luta contra o assustador status quo tem que começar em algum lugar. E onde melhor do que numa instituição que se preza por sua reflexão crítica e politicamente engajada?

quinta-feira, 21 de junho de 2007

No site da BBC:

Genética alimenta polêmica sobre 'raças' no Brasil


Teste de DNA ajudam a identificar origens
Uso de testes de DNA para discutir conceito de raça é polêmico
Pesquisas genéticas recentes, que mostram o intenso grau de miscigenação do brasileiro, têm alimentado o debate em torno da definição de "raças" na sociedade brasileira.

O termo já é evitado na genética hoje em dia por ser considerado impreciso e pelo uso político que se fez dele no passado, mas ainda é usado como categoria sociopolítica - o IBGE, por exemplo, divide a população brasileira em pretos, brancos, pardos, indígenas ou amarelos.

Críticos do uso dessas categorias dizem que, especialmente no Brasil, a miscigenação foi tão intensa que uma pessoa considerada preta pode ter a mesma composição genética de um "branco" e vice-versa.

Mas há quem acredite que a classificação é válida.

"Raça no Brasil é uma categoria política: negro é quem é tratado como negro", afirma o advogado Hédio Silva, ex-secretário de Justiça do Estado de São Paulo. "Ninguém pede a carta genética da pessoa para discriminar."

Segundo ele, usar exames de DNA para demonstrar que do ponto de vista genético é mínima a diferença entre brancos e negros passa pela estratégia de "humanizar" os negros, coisa que, na sua avaliação, vem sendo tentada sem sucesso no Brasil há cem anos.

Para Silva, basear-se na biologia para desqualificar a noção de raça no Brasil é um "despropósito", comparável a perguntar a um nazista se a perseguição aos judeus tinha base científica, ou se a ciência tinha definição para quem foi queimado como bruxo pela Inquisição.

O advogado vê na tentativa de "desracializar" o Brasil um desserviço às políticas de ação afirmativa que, segundo ele, estão dando certo nos locais do país em que já são implementadas.

"Eu concordo com esse ideal utópico de uma sociedade desracializada. Mas para atingir isso precisamos ter o reconhecimento de que o legado africano não é inferior, nem menos complexo ou sofisticado do que o europeu. A gente afirma a raça como uma estratégia para no futuro falarmos em outra coisa."

Silva se mostra otimista com a formação da primeira leva de beneficiados pela política de cotas, hoje adotada em 40 universidades, e acredita que, se bem aplicado, o instrumento das ações afirmativas pode ser dispensado no tempo de duas gerações.

domingo, 17 de junho de 2007

SAO PAULO (?) FASHION WEEK - É UM,A VERGONHA ?!

VERGONHA!!!!!!!!???????????

VOCÊ DECIDE!

"No Fashion Rio, o exército de modelos brancas que dominava os desfiles surpreendeu o britânico Michael Roberts, editor da revista Vanity Fair, para quem 'o Brasil deveria aproveitar mais sua diversidade'. 'É uma vergonha', disse."
(e os brasileiros o que pensam?)














Vejam esta reportagem.

Não devemos esperar que a SP Fashion Week, agregue elementos negros. Devemos nos organizar e mostrar o nosso papel de liderança.

Achamos lógica (porem enganosa) a justificativa de que os negros (ou pelo menos os "bronzeados") não consumam a moda mais sofisticada. A lógica se ancora na distribuição da renda. Mas esta, cai por terra quando vemos os premiados comerciais de margarina e sabonete.
Certamente, somos os maiores consumidores de pão com margarina e sabonetes populares.
Queremos deixar de ser invisíveis.


Falta de modelos negros espelha preconceito, diz Camila Pitanga

15/06 - 22:57 - Reuters

or Fernanda Ezabella SÃO PAULO (Reuters) - Camila Pitanga, sexta atriz da TV Globo a desfilar no São Paulo Fashion Week, foi uma das raras modelos negras, embora não seja profissional, a pisar na passarela desta edição.

Pitanga foi a estrela de dois desfiles nesta sexta-feira, de Fabia Bercsek e Cori, assinada por Alexandre Herchcovith.

Além dela, só havia mais uma modelo negra no casting da Cori.

'Acho que (a falta de modelos negros no SPFW) espelha essa resistência, esse preconceito que infelizmente ainda está presente na nossa sociedade', disse a atriz à Reuters no backstage da Cori.

A fraca presença dos negros nos desfiles de moda no Brasil voltou ao debate na quinta-feira, após a apresentação da nova grife AfroReggae, que usou um casting 100 por cento negro.

Segundo seu estilista, Marcelo Sommer, a coleção da grife era inspirada na cultura negra e por isso a escolha dos modelos, entre amadores e profissionais.

'Existe uma carência gigante de modelos negros no Fashion Week. E ficamos impressionados com a quantidade de modelos negros que achamos', disse Sommer.

Para Herchcovith, o problema é outro. 'A oferta de modelos negros é menor', disse. 'São as agências (de modelos) que têm que fazer um trabalho maior para recrutar mais negros, não acho que é culpa do estilista.'

Herchcovith negou que haja preconceito no mundo da moda e classificou Pitanga, que será garota da campanha da Cori, como a 'personificação da mistura de raças que é o Brasil', disse.

'Acho que a beleza dela é muito brasileira.'

O agente de modelos Bruno Soares explica a polêmica pela ótica financeira, afinal de contas, quem consome as grifes que desfilam no SPFW é uma maioria branca, de classe social mais alta.

'Além do preconceito racial, o preconceito social é muito mais forte', disse. 'Na França, eles colocam um monte modelos asiáticas porque a Ásia virou um grande investidor, por exemplo.'

No Fashion Rio, o exército de modelos brancas que dominava os desfiles surpreendeu o britânico Michael Roberts, editor da revista Vanity Fair, para quem 'o Brasil deveria aproveitar mais sua diversidade'. 'É uma vergonha', disse.

domingo, 10 de junho de 2007

VEJA: Raça ou não raça? Ensaio sobre a cegueira à brasileira




Confira a opinião de Veja. http://209.85.165.104/search?q=cache:vO5HCQEBkfEJ:veja.abril.com.br/060607/p_082.shtml+veja+raca&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=2&gl=br&client=firefox-a


A revista Veja é a revista de maior circulação do Brasil.
No entanto, quando se trata do tema racismo, sempre trata de maneira superficial e é contra qualquer análise mais profunda e que levante opiniões diferentes sobre o tema.
Um exemplo claro é a última capa ( ediçao 2011, 6 de junho de 2007). A revista pinça um tema polêmico (cotas, elegibilidade às cotas) para desmontar a realidade. Ela simplesmente afirma que não existe racismo no Brasil por sermos miscigenados.
Ou seja, um discurso que deveria oferecer alternativas para a situação real (o extremo racismo á brasileira, a "docilidade" do nosso preconceito, do nosso quarto de empregada e elevadores de serviço) apenas destrói um mecanismo que pelo menos admite a existência de um problema.

Devemos nos perguntar:

  • por quê a revista nega uma situação que o próprio governo brasileiro admite (existe racismo no Brasil)?
  • por quê a revista expõe em sua capa um tema que não ocupa as suas principais preocupações e estímulo ao debate?
  • por quê a revista expõe um viés editorialista e não jornalístico para este tema? Onde estão as opiniões e fatos?
  • por quê a revista não publicou testemunhos de personalidades negras sobre o tema? quem escreveu esta reportagem?
A revista está correta em questionar os métodos de seleção devido às cotas. No entanto, não está correta em apenas se introduzir no debate do racismo para atacar apenas um ponto.

Não seria jornalisticamente correto, chamar casais reais, ou pesquisadores sobre a afirmativa:

"Enquanto em alguns estados americanos o casamento entre brancos e negros era proibido, no Brasil é um fato do cotidiano que não causa nenhuma atenção."

Ou ainda:

"Depois de Freyre, a miscigenação racial foi sendo gradualmente aceita até se transformar, hoje, num valor cultural dos brasileiros. A música popular, por exemplo, não cansa de festejá-la. O país tem orgulho da beleza de suas mulatas. "
Desafio a revista a comparar as beldades mulatas e não-mulatas na mesma edição. Cabe uma reflexão ou não?


Será que estamos tão avançados assim?

segunda-feira, 4 de junho de 2007

ILDI: Ninguém sabe como me definir, diz atriz negra e '70% européia' -Brasiligual sabe: Brasileira!

No Site da BBC.com.br:

A atriz Ildi Silva, que interpreta Yvone na novela Paraíso Tropical, é mais de 70% européia, segundo exames de DNA feitos a pedido da BBC Brasil.

Ildi Silva (Foto: Fernando Torquato)
Ildi Silva: 'Até eu não sei como me definir'
Com a pele negra e os olhos verdes, Ildi disse ter ficado feliz ao ver explicada parte da sua origem, da qual sabia pouco a não ser que tinha alguma ascendência holandesa.

A atriz conta a combinação às vezes confunde as pessoas, que não sabem como defini-la. "Até eu não sei como me definir. Me considero negra, mulata. Branca, não", diz Ildi.

Além dos 71,3% de genes europeus, a atriz tem 19,5% de ancestralidade africana e 9,3% de ameríndia, segundo as estimativas do geneticista Sérgio Danilo Pena, professor titular de bioquímica da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e diretor do laboratório Gene de Belo Horizonte, que fez os exames para a BBC Brasil.

"Sabia que tinha um lado holandês, mas é muita mistura. Meu pai é negro, com olho cor de mel. Minha mãe é mais clara", conta Ildi Silva, nome artístico de Ildimara da Silva e Silva.

Embora esteja hoje no centro da teledramaturgia brasileira, Ildi diz que já teve dificuldades profissionais pelo fato de não ser considerada nem branca nem negra.

"Já tive problema com isso. As pessoas nunca conseguiram me considerar negra. Ao mesmo tempo, tem muito trabalho que eu não faço porque sou negra", disse Ildi.

'Mais normal'

Ela reconhece que a beleza pouco convencional lhe abre portas, mas diz que por outro lado não se encaixa em qualquer papel.

"Às vezes um personagem tem de ser comum. Já me disseram que queriam uma pessoa mais 'normal', mais comum."

Segundo Ildi, a beleza considerada exótica "complica" a história da personagem. "Às vezes é mais fácil colocar uma pessoa mais óbvia."

O geneticista Sérgio Pena também rastreou ancestrais do lado materno e paterno da atriz, comparando seqüências genéticas dela com os cadastrados em bancos de dados internacionais e no do próprio laboratório Gene.

Ao analisar o DNA mitocondrial de Ildi, parte do DNA que, a não ser em casos de mutação, é passada de mãe para filhos praticamente inalterada, Pena identificou o haplogrupo (conjunto de sequências genéticas) L3, visto no leste africano, especialmente no Quênia.

"Seqüências idênticas às de Ildi Silva foram vistas na seguintes populações: Tupuri (Camarões) e Kikuyu (Quênia, África Oriental)", diz o geneticista no seu relatório sobre os resultados da atriz.

No Brasil, o haplogrupo de Ildi só havia sido observado em dois casos isolados no Rio de Janeiro e Porto Alegre.

Pena teve de analisar o DNA de um dos irmãos de Ildi, Helilton da Silva e Silva, já que apenas homens têm o cromossomo Y, usado para rastrear a linhagem paterna.

A análise do DNA de Helilton revelou o haplogrupo I1a "tipicamente europeu e mais característico dos países do norte" e encontrado com grande freqüência na França .

Para Ildi, a ascendência européia por parte de pai foi uma surpresa, já que ela só sabia das origens holandesas do lado materno.

O geneticista Sérgio Pena explica, no entanto, que os testes de ancestralidades materna e paterna revelam apenas o ancestral mais antigo de cada lado.

Daí a importância de se fazer o teste de ancestralidade genômica que tira uma "média" do DNA e estima as porcentagens de ancestralidade africana, européia e ameríndia.

Sérgio Pena calcula em 2,5% a margem de erro dos testes de ancestralidade genômica.

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Metade de negros em pesquisa tem ancestral europeu


BRASILIGUAL É SE CONHECER, RECONHECER-SE FINALMENTE!









Geneticista Sérgio Pena coordenou o estudo
Uma análise genética de um grupo de 120 negros brasileiros indicou que metade deles tem pelo menos um ancestral europeu por parte de pai.

No estudo, liderado pelo geneticista Sérgio Pena, professor titular de bioquímica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), foram analisados os cromossomos Y dos 120 indivíduos em busca do ancestral paterno mais distante de cada um deles.


















(...)
Apesar da pele negra, esses parentes distantes de 60 indivíduos (50%) vieram da Europa. Saíram da África os ancestrais de 58 (48%) e da própria América, apenas 2 (1,6%).
(...)
"Com exceção de imigrantes de primeira ou segunda geração, não existe nenhum brasileiro que não carregue um pouco de genética africana e ameríndia", afirmou o geneticista, em entrevista à BBC Brasil.
(...)

Por outro lado, Florentino refuta a idéia de que grande parte do povo brasileiro tem origem num relacionamento forçado entre o colonizador e a índia ou a escrava.
"A miscigenação brasileira tem muito mais a ver com o português pobre que interage matrimonialmente e sexualmente com as mulheres negras do que propriamente com homens de elite mantendo relações sexuais com mulheres pobres negras escravizadas", afirma o historiador.
Seu argumento é que a maior parte dos portugueses que vinha para cá era de pobres aventureiros que saíam do norte de Portugal e, ao chegar aqui, geralmente sem família, se relacionavam com as índias e africanas.
"É muito mais uma história que reúne pobres amantes de cores diferentes do que violência e estupro, como uma certa vertente quer fazer passar."

Especial traça perfil genético de nove negros famosos

Na BBC Brasil (vide correspondente de Brasiligual Larry´s)



Colagem com osa participantes do projeto
DNA de celebridades nacionais ajuda a rastrear o passado
A BBC Brasil lança nesta segunda-feira o especial Raízes Afro-Brasileiras, que traça o perfil genético de nove brasileiros famosos de origem africana.


domingo, 20 de maio de 2007

Grande Feito!

No Globo:

Jadel quebra recorde de João do Pulo

E o que isto tem a ver com a igualdade?

Ex-sorveteiro , o nosso Jadel superou barreiras.

Apenas coincidência ou vontade de quem quer ser líder?



sábado, 19 de maio de 2007






O Navio Negreiro

Caetano Veloso




Composição: Castro Alves

O Navio Negreiro

’Stamos em pleno mar
Era um sonho dantesco... o tombadilho,
Que das luzernas avermelha o brilho,
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros... estalar do açoite...
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar...



Negras mulheres, suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras, moças... mas nuas, espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs.

E ri-se a orquestra, irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais...
Se o velho arqueja... se no chão resvala,
Ouvem-se gritos... o chicote estala.
E voam mais e mais...
Presa dos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia
E chora e dança ali!

Um de raiva delira, outro enlouquece...
Outro, que de martírios embrutece,
Cantando, geme e ri!

No entanto o capitão manda a manobra
E após, fitando o céu que se desdobra
Tão puro sobre o mar,

Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
"Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!..."

E ri-se a orquestra irônica, estridente...
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais!
Qual num sonho dantesco as sombras voam...
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanaz!...
Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura... se é verdade
Tanto horror perante os céus...
Ó mar, por que não apagas
Co'a esponja de tuas vagas

De teu manto este borrão?...

Astros! noite! tempestades!

Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!...



Andrada! arranca este pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta de teus mares!



domingo, 6 de maio de 2007

No Blog de BILL - eh MILL

LÍNGUA DE TAMANDUÁ



Muito axé a todos os aliados. Só pra avisar que acabamos de gravar o vídeoclipe da música LÌNGUA DE TAMANDUÁ, que faz parte do álbum FALCÃO O BAGULHO É DOIDO e que tem colagem e sampler de QUALQUER COISA, de CAETANO VELOSO, que além de liberar a música, botou a cara numa das locações e participou do filme. A direção é de IURI e BRUNO BASTOS e o clipe deve estrear em breve. Fique de antena ligada! Aqui você vai ficar sabendo em primeira mão! Não fica de BOB na pista que o bagulho ta doidão.
B.

quarta-feira, 25 de abril de 2007

Para quem acha que Igualdade e Diversidade não combina com economia de mercado...

EM https://www.latam.citibank.com/brasil

Diversidade

Programa de Estágio Citigroup - UniPalmares

Como parte de seu compromisso com a diversidade e inclusão social, o Citigroup desenvolveu uma parceria com a UNIVERSIDADE DA CIDADANIA ZUMBI DOS PALMARES (“UniPalmares”). Este projeto tem como objetivo a promoção da diversidade no Citigroup, por meio de um programa de desenvolvimento e capacitação de jovens estudantes da UniPalmares. Força de vontade, interesse em aprender, facilidade para aceitar sugestões/críticas e abertura a novas experiências são características muito valorizadas no Citigroup, buscadas nos estudantes que farão parte desse programa. O Programa de Estágio Citigroup – UniPalmares possibilitará ao estudante:

Adquirir experiência em ambiente profissional;

Participar de treinamento e desenvolvimento monitorados oferecidos pelo Citigroup Brasil;

Ter a possibilidade de efetivação*; e

Atuar durante 12 meses no Citigroup Brasil**.
Buscamos: promover diversidade com o objetivo de fazer do Citigroup Brasil uma das mais respeitadas companhias de serviços financeiros globais e uma das melhores empresas para se trabalhar. Vale ressaltar que novamente fomos incluídos na lista das 150 Melhores Empresas para se Trabalhar da Revista Exame, reconhecidos em 2006 como a melhor empresa entre os bancos, e uma das 10 melhores empresas para as mulheres trabalharem.
Processo de seleção

Estão abertas as inscrições para o processo de seleção do Programa de Estágio Citigroup – UniPalmares.
Inscrições e Seleção

Período de inscrição: de 01/09 a 15/09.
Processo de Seleção: durante o mês de Setembro/2006, iniciando-se no dia primeiro.

Consiste de 3 etapas sendo as duas primeiras eliminatórias:

1 - Entrevistas individuais;

2 - Dinâmicas de grupo;

Painel de apresentação a ser realizado pelos inscritos que passaram pelas etapas 1 e 2 aos gestores do Citigroup Brasil.


As vagas serão abertas para estágio no Citigroup Center, Água Branca ou Agências do grupo.
Início do Programa de Estágio Citigroup – UniPalmares: Outubro/ 2006.
O Programa

O Programa de Estágio Citigroup – UniPalmares está estruturado em módulos de desenvolvimento e acompanhamento dos estagiários durante o período de atuação no Citigroup Brasil e oferecerá ao estagiário:

Programa de Integração ao Citigroup no Brasil

Treinamentos presenciais e via e-learning oferecidos pelo Citigroup Brasil

Acompanhamento do estágio por especialista da área de Desenvolvimento de recursos humanos; e

Informações sobre Comportamento Organizacional, além da oportunidade de conhecer como uma instituição financeira funciona.


O objetivo deste programa é enriquecer o convívio e agregar valor ao negócio através da diversidade.

Os candidatos terão a oportunidade de atuar nos diferentes segmentos do Citigroup.

Os homens invisiveis do Brasil

Às
vezes andando nas ruas de Copacabana, me sinto como um fantasma.

Estou ao lado das pessoas, mas percebo que sou uma incômoda presença. Quase os atravesso, q

<>

Cidadãos de bem, velozes, em suas avenidas mentais. O último tênis, o último corte de cabelo, estão apenas cuidando de si. Ilhas e ilhas.

Ah, como queira que aquele menino com suas bolas de tênis nos surpreendesse com a sua habilidade no saibro. Gugas negros.

Somos milhões. E somos etéreos como o ar, por que como maioria, apenas assim podem nos ser indiferentes. Não pesamos quase nada ( e somos milhões!), nos adaptamos a quaisquer situações ("nós faz tudo dotô!).

Cidadãos de bem. Vejo milhares passarem por mim, e mesmo tendo cumprido um verdadeiro roteiro de cinema eu não estou aqui.

Me olho no espelho da vitrine da loja da esquina. Muito jovem, nem mesmo eu me vejo na minha novela das oito.

Afinal quantos protagonistas negros eu já havia visto?

Um segundo, um milímetro e agarro aquela bolsa, dou um piparote naquele guarda, dou um aú e uma rasteira naqule velhinho. Ah, um arrastão! Um mar como eu, em disparada, algazarra, que meninada!

Mais uma vez quase desisto de tudo. Estou descumprindo o papel que está tatuado em minha pele. Sou um marginal. O fato de estar em condicional não altera o meu crime.