sábado, 13 de setembro de 2008

MANIFESTO - CORREIO NAGÔ

Brasiligual se poê ao lado do MANIFESTO NAGÔ.
Leia, pense, repense.

Comunicadores negros, negras propostas e um objetivo:
Tornar este país em igual. Igualar ao diferenciar.

Fantásticas palavras que unem diferenças para igualar e somar, passado nagô e futuro na Internet.

http://www.correionago.com.br/sobre.php
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SOBRE O CORREIO



Uma das formas de resistência encontradas pelos primeiros negros escravizados trazidos à força para o Brasil, foi a transmissão de conhecimento e informação através da história oral. Assim nasceria o "correio nagô", adaptado à realidade enfrentada por cada um dos negros saudosos de sua terra, mas conscientes dos valores que naturalmente exigiam preservação. Dessa maneira, a oralidade ancestral africana foi um dos elementos inspiradores para a criação do nosso portal.

Idealizado a partir da mobilização de jovens comunicadores negros, comprometidos em combater a discriminação e exclusão socio-raciais que ainda persistem no nosso país, o Correio Nagô propõe uma intensa participação colaborativa dos seus leitores, além de estabelecer uma rede de informação oriunda de diversas cidades do interior da Bahia.

Outra missão do CN é estabelecer um canal de notícias tratando da cultura negra na Bahia, possibilitando a difusão do que vem sendo produzido por diversas comunidades e grupos militantes do movimento negro. É veiculando imagens, vídeos, notícias e eventos culturais abordando a temática afro, que o Correio Nagô pretende combater uma das piores formas de marginalização do nosso tempo: a falta de acesso à informação.

Informar e divertir, socializar e interagir. Esses também são outros verbos que propomos aos nossos leitores, parceiros e colaboradores.

Os homens invisiveis do Brasil

Às
vezes andando nas ruas de Copacabana, me sinto como um fantasma.

Estou ao lado das pessoas, mas percebo que sou uma incômoda presença. Quase os atravesso, q

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Cidadãos de bem, velozes, em suas avenidas mentais. O último tênis, o último corte de cabelo, estão apenas cuidando de si. Ilhas e ilhas.

Ah, como queira que aquele menino com suas bolas de tênis nos surpreendesse com a sua habilidade no saibro. Gugas negros.

Somos milhões. E somos etéreos como o ar, por que como maioria, apenas assim podem nos ser indiferentes. Não pesamos quase nada ( e somos milhões!), nos adaptamos a quaisquer situações ("nós faz tudo dotô!).

Cidadãos de bem. Vejo milhares passarem por mim, e mesmo tendo cumprido um verdadeiro roteiro de cinema eu não estou aqui.

Me olho no espelho da vitrine da loja da esquina. Muito jovem, nem mesmo eu me vejo na minha novela das oito.

Afinal quantos protagonistas negros eu já havia visto?

Um segundo, um milímetro e agarro aquela bolsa, dou um piparote naquele guarda, dou um aú e uma rasteira naqule velhinho. Ah, um arrastão! Um mar como eu, em disparada, algazarra, que meninada!

Mais uma vez quase desisto de tudo. Estou descumprindo o papel que está tatuado em minha pele. Sou um marginal. O fato de estar em condicional não altera o meu crime.