sábado, 8 de dezembro de 2007

Ah, a História! Darwin e o Brasil: "A escravidão me dá nojo!"

Darwin, esteve no Brasil.
O que ele escreveu?



Em:http://www.igrejanova.jor.br/edmarabr03.htm

DARWIN E A ESCRAVIDÃO


Inácio Strieder

Quando se fala em Charles Darwin, lembramo-nos imediatamente da teoria da evolução, da sobrevivência do mais forte, da seleção natural. Darwin, no entanto, também era socialmente sensível. Após a sua viagem, de 1831-1836, publicou o relato que fez a bordo do Beagle, navio que o levou por cinco anos pelo Atlântico e pelo Pacífico. Este relato da "Viagem de um Naturalista ao redor do Mundo" foi publicado, pela primeira vez, em 1839 e teve, posteriormente, uma edição corrigida pelo próprio Darwin. Na viagem de ida, o Beagle encostou em Salvador da Bahia e no Rio de Janeiro. Na volta, aportou novamente em Salvador e, por causa de ventos contrários, entrou também no Porto do Recife. Em 19 de agosto de 1836 deixou definitivamente as costas brasileiras, rumo ao Cabo Verde. As considerações de Darwin sobre a escravidão no Brasil são relativas ao que observou no Rio de Janeiro, na viagem de ida, e, na viagem de retorno, quando permaneceu por alguns dias em Recife.

Quando Darwin deixou Londres, em dezembro de 1831, tinha apenas 22 anos de idade. Era um jovem curioso, sensível e crítico. No Rio de Janeiro, em abril de 1832, um inglês o convidou para visitar sua fazenda, afastada da cidade. Nesta viagem, Darwin observa a situação dos escravos, e presencia o suicídio de uma escrava negra, precipitando-se de um rochedo, quando estava para ser recapturada. Darwin também viu escravos recebendo chibatadas e serem marcados a ferro. Além disto, testemunhou também a desumanidade de um dono de escravos, que, por pura ganância, separou diversas famílias de escravos, arrancando esposas a maridos, filhos a pais, irmãos a irmãos, enviando-os ao mercado de escravos no Rio de Janeiro, para que fossem vendidos. Presenciou também a humilhação de um escravo, mais humilhado do que o mais miserável animal doméstico, que nem levantou a mão para se proteger de um golpe que lhe foi desferido no rosto. Em Recife, ao sair pelas ruas, Darwin declara que ouviu gritos de escravos sendo torturados nos fundos das casas. E confessa que, mesmo posteriormente quando já na Inglaterra, toda vez que ouvia gritos de alguma pessoa, se lembrava dos gritos dos escravos sendo torturados no Brasil.

Quando Darwin deixa o Porto do Recife, relata que dá graças a Deus por poder deixar as costas brasileiras, e espera nunca mais precisar voltar ao Brasil, enquanto ali perdurasse o sistema de escravidão.

No seu livro "Viagem de um naturalista ao redor do mundo", Darwin também escreve que, em conversas no Rio de Janeiro, ouviu "pessoas de bem" afirmarem que a escravidão era um mal tolerável. Estas pessoas diziam-lhe que perguntasse aos próprios escravos, em suas casas, como se sentiam. Darwin observa que, evidentemente, nenhum escravo era tão burro para criticar os seus donos. Pois, mais dia menos dia o patrão chegaria a saber, e o resultado seria a chibata. Darwin se mostra escandalizado com estes "escravocratas de bem", pessoas que todos os dias rezavam a Deus, pedindo-Lhe que se fizesse Sua vontade na terra como no céu. A consideração da escravidão, como mal tolerável, só podia provir de elites que nunca haviam entrado nas senzalas e observado a vida miserável e de humilhação nestes ambientes. E Darwin adverte, primordialmente como naturalista, que a tortura e a humilhação dos escravos também tinha o seu limite. Pois, até mesmo os animais mais domesticados, quando torturados e humilhados, se tornavam violentos. Sinais de reação já se podiam observar, quando muitos donos de escravos demonstravam um grande medo, temendo vinganças destes homens rebaixados a condições inferiores às dos animais.

Assim, Darwin deixou as costas brasileiras, declarando que, objetivamente, não gostava do Brasil, por causa do regime de escravidão. Claro, entretanto, a história caminhou mais 165 anos. Mas, o que diria Darwin hoje das condições sociais do Brasil? Das dezenas de milhares de pessoas ainda hoje trabalhando em regime de escravidão? Será que muitas das violências que, todos os dias, nos assustam e escandalizam não são reflexo das sombras do regime de escravidão, que humilhou, durante séculos, a maioria da população trabalhadora no Brasil? Talvez, a observação de Darwin, de que até os animais domésticos se tornam violentos, quando torturados, fosse um dos pontos de partida para analisar algumas das manifestações de violência no Brasil de hoje.

domingo, 2 de dezembro de 2007

Negro em Salvador - Negro no Brasil - Lidere!

Para quem so pula atrás do trio eletrico, atras das cordas protetoras do Carnaval de Salvador e nao ve a realidade.
No Brasil dizem nao existir preconceito racial porque somos "misturados", no entanto todos sabem a cor e aparencia da "boa aparencia" e a cor dos que estão fora das cordas, dos clubes.
Esta divisão não vem por merito, por um sistema educacional de iguais oportunidades. Pelo contrario, as vagas são preenchidas de pai para filho, por QI (quem indica) e por manter as escolas publicas com um baixo nivel.
No mundo moderno a maior riqueza é o capital humano, e o Brasil despreza o potencial de milhões de cidadãos negros.
Daí a conclusão: temos que quebrar os preconceitos e ver que transformar o nosso futuro em Negro é definitivamente bom.

Quer estatisiticas então leia! (das Nações Unidas):
Em: http://www.pnud.org.br/raca/reportagens/index.php?id01=1698&lay=rac





Belo Horizonte, 02/01/2006
Bairros ricos repelem negros em 7 capitais.
Mesmo com renda elevada e grau de escolaridade avançado, negros optam mais por viver em distritos com renda média inferior

ALAN INFANTEda PrimaPagina

As pessoas com renda elevada e grau de escolaridade avançado tendem a morar em bairros de classe alta, certo? Nem sempre. Um estudo que incluiu nessa combinação o componente racial mostra que a cor pode ser mais determinante que o poder de compra e a educação na hora de o indivíduo escolher o lugar onde vai morar. As condições socioeconômicas são um importante fator para que os negros sejam maioria nas áreas carentes e minoria nas regiões mais ricas, mas essa distribuição espacial da população também está ligada à discriminação.
A avaliação está no estudo
Desigualdades Raciais nas Condições Habitacionais da População Urbana, produzido pelo economista e demógrafo Eduardo Rios Neto, professor do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). O trabalho, que municiou a elaboração do Relatório de Desenvolvimento Humano Brasil 2005 — Racismo, pobreza e violência, mostra por meio de mapas que em sete grandes capitais — São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Recife, Salvador e Porto Alegre — os distritos com menor proporção de pobres são também os que têm menor percentual de negros.
O trabalho aponta que há uma maior segregação racial nas classes mais altas, “o que se pode inferir que a segregação racial entre brancos, pretos e pardos não pode ser atribuída apenas ao status socioeconômico, fatores como auto-segregação e racismo também têm que ser levados em consideração”.
O levantamento revela que em Belo Horizonte, por exemplo, quase 40% da população que está entre os 20% mais ricos precisaria mudar de bairro para que a proporção de pretos e brancos fosse a mesma em todas as áreas da cidade. Ou seja, existem pessoas pretas que, apesar de terem condições de morar em um distrito de classe media alta, optam por viver em áreas onde o padrão de renda é inferior. O mesmo se observa entre a população com mais de 11 anos de estudo (curso superior completo). Nesse grupo, 40% dos negros e 40% dos brancos precisariam passar a viver em outra região para que a distribuição espacial fosse equânime.
Esse percentual da população que precisaria se deslocar para que a distribuição espacial fosse igual — chamado pelo estudo de índice de dissimilaridade — não fica abaixo de um quinto em nenhuma das capitais pesquisadas. Em Salvador, onde mais de três quartos da população é negra, essa taxa chega a 30%. Em Recife, que tem o melhor índice, esse percentual é de 20%. “Os dados também demonstram que a segregação entre brancos e pretos é quase sempre maior que a segregação entre brancos e pardos”, ressalta o texto.
“A segregação racial residencial — onde indivíduos do mesmo grupo se concentram nos mesmos lugares, levando, dentre outras coisas, a uma desigualdade urbana — pode ser conseqüência de fatores relacionados às diferenças socioeconômicas, discriminação no mercado imobiliário ou a preferência de viver em vizinhança com pessoas de cor ou raça similar”, afirma o estudo, que atribui a análise a John Iceland, doutor em sociologia pela Universidade de Maryland, nos Estados Unidos.
Essa distorção racial na distribuição espacial da população é agravada pelas deficiências estruturais típicas das regiões mais pobres. Em 2000, o percentual de negros que viviam em aglomerados subnormais era de 5,1%, enquanto a taxa dos brancos era de 2,8%. “Embora representassem menos da metade da população total, os negros constituíam dois terços da população ‘favelada’ do Brasil”, destaca.

Os homens invisiveis do Brasil

Às
vezes andando nas ruas de Copacabana, me sinto como um fantasma.

Estou ao lado das pessoas, mas percebo que sou uma incômoda presença. Quase os atravesso, q

<>

Cidadãos de bem, velozes, em suas avenidas mentais. O último tênis, o último corte de cabelo, estão apenas cuidando de si. Ilhas e ilhas.

Ah, como queira que aquele menino com suas bolas de tênis nos surpreendesse com a sua habilidade no saibro. Gugas negros.

Somos milhões. E somos etéreos como o ar, por que como maioria, apenas assim podem nos ser indiferentes. Não pesamos quase nada ( e somos milhões!), nos adaptamos a quaisquer situações ("nós faz tudo dotô!).

Cidadãos de bem. Vejo milhares passarem por mim, e mesmo tendo cumprido um verdadeiro roteiro de cinema eu não estou aqui.

Me olho no espelho da vitrine da loja da esquina. Muito jovem, nem mesmo eu me vejo na minha novela das oito.

Afinal quantos protagonistas negros eu já havia visto?

Um segundo, um milímetro e agarro aquela bolsa, dou um piparote naquele guarda, dou um aú e uma rasteira naqule velhinho. Ah, um arrastão! Um mar como eu, em disparada, algazarra, que meninada!

Mais uma vez quase desisto de tudo. Estou descumprindo o papel que está tatuado em minha pele. Sou um marginal. O fato de estar em condicional não altera o meu crime.