domingo, 10 de junho de 2007

VEJA: Raça ou não raça? Ensaio sobre a cegueira à brasileira




Confira a opinião de Veja. http://209.85.165.104/search?q=cache:vO5HCQEBkfEJ:veja.abril.com.br/060607/p_082.shtml+veja+raca&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=2&gl=br&client=firefox-a


A revista Veja é a revista de maior circulação do Brasil.
No entanto, quando se trata do tema racismo, sempre trata de maneira superficial e é contra qualquer análise mais profunda e que levante opiniões diferentes sobre o tema.
Um exemplo claro é a última capa ( ediçao 2011, 6 de junho de 2007). A revista pinça um tema polêmico (cotas, elegibilidade às cotas) para desmontar a realidade. Ela simplesmente afirma que não existe racismo no Brasil por sermos miscigenados.
Ou seja, um discurso que deveria oferecer alternativas para a situação real (o extremo racismo á brasileira, a "docilidade" do nosso preconceito, do nosso quarto de empregada e elevadores de serviço) apenas destrói um mecanismo que pelo menos admite a existência de um problema.

Devemos nos perguntar:

  • por quê a revista nega uma situação que o próprio governo brasileiro admite (existe racismo no Brasil)?
  • por quê a revista expõe em sua capa um tema que não ocupa as suas principais preocupações e estímulo ao debate?
  • por quê a revista expõe um viés editorialista e não jornalístico para este tema? Onde estão as opiniões e fatos?
  • por quê a revista não publicou testemunhos de personalidades negras sobre o tema? quem escreveu esta reportagem?
A revista está correta em questionar os métodos de seleção devido às cotas. No entanto, não está correta em apenas se introduzir no debate do racismo para atacar apenas um ponto.

Não seria jornalisticamente correto, chamar casais reais, ou pesquisadores sobre a afirmativa:

"Enquanto em alguns estados americanos o casamento entre brancos e negros era proibido, no Brasil é um fato do cotidiano que não causa nenhuma atenção."

Ou ainda:

"Depois de Freyre, a miscigenação racial foi sendo gradualmente aceita até se transformar, hoje, num valor cultural dos brasileiros. A música popular, por exemplo, não cansa de festejá-la. O país tem orgulho da beleza de suas mulatas. "
Desafio a revista a comparar as beldades mulatas e não-mulatas na mesma edição. Cabe uma reflexão ou não?


Será que estamos tão avançados assim?

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Os homens invisiveis do Brasil

Às
vezes andando nas ruas de Copacabana, me sinto como um fantasma.

Estou ao lado das pessoas, mas percebo que sou uma incômoda presença. Quase os atravesso, q

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Cidadãos de bem, velozes, em suas avenidas mentais. O último tênis, o último corte de cabelo, estão apenas cuidando de si. Ilhas e ilhas.

Ah, como queira que aquele menino com suas bolas de tênis nos surpreendesse com a sua habilidade no saibro. Gugas negros.

Somos milhões. E somos etéreos como o ar, por que como maioria, apenas assim podem nos ser indiferentes. Não pesamos quase nada ( e somos milhões!), nos adaptamos a quaisquer situações ("nós faz tudo dotô!).

Cidadãos de bem. Vejo milhares passarem por mim, e mesmo tendo cumprido um verdadeiro roteiro de cinema eu não estou aqui.

Me olho no espelho da vitrine da loja da esquina. Muito jovem, nem mesmo eu me vejo na minha novela das oito.

Afinal quantos protagonistas negros eu já havia visto?

Um segundo, um milímetro e agarro aquela bolsa, dou um piparote naquele guarda, dou um aú e uma rasteira naqule velhinho. Ah, um arrastão! Um mar como eu, em disparada, algazarra, que meninada!

Mais uma vez quase desisto de tudo. Estou descumprindo o papel que está tatuado em minha pele. Sou um marginal. O fato de estar em condicional não altera o meu crime.