quinta-feira, 5 de julho de 2007

Coincidência? Exagero?



"Além da impunidade, o espancamento de Sirlei levanta outra questão: o que leva jovens de famílias endinheiradas a cometer crimes? Nos últimos tempos, casos que envolvem delinqüentes bem-nascidos têm engrossado o noticiário policial. Para a psicanalista Junia de Vilhena, que coordena a Clínica de Violência na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, dois pontos combinados explicam esse comportamento: o primeiro é a falta de limites e valores nas famílias. “Os pais só querem ser amigos, não conseguem suportar a raiva dos fi lhos e acabam permitindo tudo. Desde crianças, eles não são acostumados a sofrer a conseqüência de seus atos. Não acreditam em punição”, afi rma. O segundo ponto é a idéia de que negros e pobres são cidadãos de segunda classe. O sociólogo Gilson Caroni Filho concorda: “Aqueles rapazes não saltaram do carro para bater numa prostituta ou numa doméstica. Saltaram para bater numa pessoa pobre. Boa parte da classe média ainda pensa sob a lógica da casa-grande e da senzala”.

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Os homens invisiveis do Brasil

Às
vezes andando nas ruas de Copacabana, me sinto como um fantasma.

Estou ao lado das pessoas, mas percebo que sou uma incômoda presença. Quase os atravesso, q

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Cidadãos de bem, velozes, em suas avenidas mentais. O último tênis, o último corte de cabelo, estão apenas cuidando de si. Ilhas e ilhas.

Ah, como queira que aquele menino com suas bolas de tênis nos surpreendesse com a sua habilidade no saibro. Gugas negros.

Somos milhões. E somos etéreos como o ar, por que como maioria, apenas assim podem nos ser indiferentes. Não pesamos quase nada ( e somos milhões!), nos adaptamos a quaisquer situações ("nós faz tudo dotô!).

Cidadãos de bem. Vejo milhares passarem por mim, e mesmo tendo cumprido um verdadeiro roteiro de cinema eu não estou aqui.

Me olho no espelho da vitrine da loja da esquina. Muito jovem, nem mesmo eu me vejo na minha novela das oito.

Afinal quantos protagonistas negros eu já havia visto?

Um segundo, um milímetro e agarro aquela bolsa, dou um piparote naquele guarda, dou um aú e uma rasteira naqule velhinho. Ah, um arrastão! Um mar como eu, em disparada, algazarra, que meninada!

Mais uma vez quase desisto de tudo. Estou descumprindo o papel que está tatuado em minha pele. Sou um marginal. O fato de estar em condicional não altera o meu crime.