sábado, 8 de novembro de 2008

Uma trajetória, não um final


http://video.globo.com/Videos/Player/Noticias/0,,GIM907244-7823-CHICAGO+SE+ORGULHA+DA+ELEICAO+DE+BARACK+OBAMA,00.html

Sim, uma vitoria historica.

Mas nada veio do nada.
Os americanos tem um passado de guerras, contradições e lutas na defesa dos direitos das minorias por lá. (os negros são apenas 12% dos americanos).
Martin Luther King é reverenciado. Muitos outros escritores, politicos, jogadores de basquetes, desempregados, bonzinhos e maus são reconhecidos como negros.
Os negros estão se visibilizando e se humanizando nos EUA (sim, temos que lutar para sermos humanos!).

No Brasil? Não existe discriminação, não existem negros e brancos. Somos todos mestiços, graças a Deus.
Sim, a maioria de nós acredita nisso. E é por se enganar tão profundamente, que temos o melhor sistema racista do mundo. O mais eficiente, o que mata mas não provoca indignação.
Negros morrem aos milhares pela Violência, fome.
Negros estão em um sistema educacional falido. Mas estamos em uma democracia (?).
Apartheid social, silencioso, forte, cooptador, matador e cínico.

Em que, os maiores astros, engenheiros, pensadores ou não aparecem ou desaparecem sem destruir os mitos de inferioridade dos negros.
Em que pessoas de pele branca (com parentes negros) fazem piadas e querem ser descendentes de nobres europeus.

No Brasil, os negros são maioria absoluta. Repito: não temos a pele bronzeada. Somos negros.
Sempre mostramos o nosso valor, mas somos invisibilizados.

Um presidente americano negro vai aumentar a contradição do Sistema Racista Brasileiro.
O cinismo terá que cair por terra: queremos ser a maioria entre os politicos, juízes e entre a "gente bonita".

Em um Brasiligual, os negros também lideram.

Um comentário:

Lala disse...

Arrasou no texto, viu?
O mais cruel do racismo é que ele sempre vem camuflado. Mas estamos de olho e estamos em ação.
Obama, sim. Que ele faça história. Nós podemos.

Os homens invisiveis do Brasil

Às
vezes andando nas ruas de Copacabana, me sinto como um fantasma.

Estou ao lado das pessoas, mas percebo que sou uma incômoda presença. Quase os atravesso, q

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Cidadãos de bem, velozes, em suas avenidas mentais. O último tênis, o último corte de cabelo, estão apenas cuidando de si. Ilhas e ilhas.

Ah, como queira que aquele menino com suas bolas de tênis nos surpreendesse com a sua habilidade no saibro. Gugas negros.

Somos milhões. E somos etéreos como o ar, por que como maioria, apenas assim podem nos ser indiferentes. Não pesamos quase nada ( e somos milhões!), nos adaptamos a quaisquer situações ("nós faz tudo dotô!).

Cidadãos de bem. Vejo milhares passarem por mim, e mesmo tendo cumprido um verdadeiro roteiro de cinema eu não estou aqui.

Me olho no espelho da vitrine da loja da esquina. Muito jovem, nem mesmo eu me vejo na minha novela das oito.

Afinal quantos protagonistas negros eu já havia visto?

Um segundo, um milímetro e agarro aquela bolsa, dou um piparote naquele guarda, dou um aú e uma rasteira naqule velhinho. Ah, um arrastão! Um mar como eu, em disparada, algazarra, que meninada!

Mais uma vez quase desisto de tudo. Estou descumprindo o papel que está tatuado em minha pele. Sou um marginal. O fato de estar em condicional não altera o meu crime.