quarta-feira, 19 de março de 2008

Documentario Preto e Branco - vale a pena assistir


Um documentário que vai além do título


e analisa mais profundamente as relações raciais e sociais no Brasil.
Vale a ver, rever e compreender.

E mais uma vez, reafirmar que existe preconceito.
Desconcertante é ver que o preconceito é inato, como na passagem da negra que sente os olhares em São Paulo à sua presença. Enquanto isso, pede que os nordestinos saiam de São Paulo.
Somos humanos, os pecados dos outros são os nossos pecados.

Por isso, temos que nos unir em uma luta diária a favor de nós mesmos.


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"Preto e Branco" analisa relações inter-raciais no país
Foto Divulgação
O rapper Sabotage em cena do documentário Preto e Branco

SÃO PAULO (Reuters) - O documentário "Preto e Branco", de Carlos Nader, avalia a idéia suspeita de que as raças coexistem de forma pacífica e harmônica no Brasil.

O filme, que estréia na sexta-feira em São Paulo, é composto por quatro curtas-metragens documentais. Para comprovar a sua tese, Nader mostra diversos personagens, brancos e negros, em seus cotidianos. Assim, ele prova como o racismo e a cor da pele influenciam as vidas dessas pessoas.

"Os problemas raciais estão longe de ser resolvidos no Brasil. Aliás, andam de mãos dadas com a questão social", disse Nader em entrevista à Reuters.

No primeiro episódio, o documentarista investiga como um homem branco e cego de nascença encara a questão do preconceito racial. "Meu interesse era saber como uma pessoa que nunca viu cores, encara a diferença entre o preto e o branco. O resultado foi inesperado", contou.

No segundo segmento, como o próprio Nader explicou, há a "lavagem de roupa suja entre um casal e um representante do Movimento Negro". Esse acerto de contas mostra a diferente visão de cada lado sobre a questão racial. O casal, formado por um branco e uma mãe de santo negra, tinha uma velha rixa com o homem e a discussão entre eles mostra como muitas pessoas encaram a diferença da cor de pele no Brasil.

O terceiro curta estabelece paralelos entre dois afro-descendentes de sucesso. De um lado está um advogado e de outro o rapper Sabotage, morto em 2003.

No último episódio, "Preto e Branco" retrata um casal que, segundo o próprio diretor, é até um clichê. "Mostramos o dia-a-dia de uma mulata, passista de escola de samba, casada com um holandês. Os dois viviam entre o Brasil e a Holanda e abordamos a questão racial na vida deles", definiu Nader.

O diretor contou que percebeu uma mudança ao longo dos anos e os negros deixaram de ter vergonha da sua cor. "Mulheres que se definiam como mulatas passaram a se assumir como negras. Isso reflete uma mudança na abordagem dessa questão", explica. Para o diretor, "elas passaram a sentir orgulho do que são".

Nader se interessou pelo tema quando vivia na Europa e trabalhava em redes de TV locais. Ele notou que o Brasil tem uma forma muito peculiar de lidar com a questão do preconceito racial.

Enquanto fazia um documentário sobre o assunto para um canal europeu, percebeu que este era um tema que poderia ser explorado. "Ao longo dos quatro anos que trabalhei nos curtas surgiram mudanças na abordagem da questão racial no Brasil", disse.

O tema central dos filmes do videomaker é a busca da identidade. Nader produziu diversos documentários para canais de televisão europeus e, em 2000, ganhou o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro na categoria melhor vídeo com o curta "Carlos Nader". Seu mais novo trabalho, "Cross", concorre no VideoBrasil 2005 no próximo mês.

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Os homens invisiveis do Brasil

Às
vezes andando nas ruas de Copacabana, me sinto como um fantasma.

Estou ao lado das pessoas, mas percebo que sou uma incômoda presença. Quase os atravesso, q

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Cidadãos de bem, velozes, em suas avenidas mentais. O último tênis, o último corte de cabelo, estão apenas cuidando de si. Ilhas e ilhas.

Ah, como queira que aquele menino com suas bolas de tênis nos surpreendesse com a sua habilidade no saibro. Gugas negros.

Somos milhões. E somos etéreos como o ar, por que como maioria, apenas assim podem nos ser indiferentes. Não pesamos quase nada ( e somos milhões!), nos adaptamos a quaisquer situações ("nós faz tudo dotô!).

Cidadãos de bem. Vejo milhares passarem por mim, e mesmo tendo cumprido um verdadeiro roteiro de cinema eu não estou aqui.

Me olho no espelho da vitrine da loja da esquina. Muito jovem, nem mesmo eu me vejo na minha novela das oito.

Afinal quantos protagonistas negros eu já havia visto?

Um segundo, um milímetro e agarro aquela bolsa, dou um piparote naquele guarda, dou um aú e uma rasteira naqule velhinho. Ah, um arrastão! Um mar como eu, em disparada, algazarra, que meninada!

Mais uma vez quase desisto de tudo. Estou descumprindo o papel que está tatuado em minha pele. Sou um marginal. O fato de estar em condicional não altera o meu crime.