Documentario Preto e Branco - vale a pena assistir
Um documentário que vai além do título
Vale a ver, rever e compreender.
E mais uma vez, reafirmar que existe preconceito.
Desconcertante é ver que o preconceito é inato, como na passagem da negra que sente os olhares em São Paulo à sua presença. Enquanto isso, pede que os nordestinos saiam de São Paulo.
Somos humanos, os pecados dos outros são os nossos pecados.
Por isso, temos que nos unir em uma luta diária a favor de nós mesmos.
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"Preto e Branco" analisa relações inter-raciais no país
Foto Divulgação O rapper Sabotage em cena do documentário Preto e Branco |
SÃO PAULO (Reuters) - O documentário "Preto e Branco", de Carlos Nader, avalia a idéia suspeita de que as raças coexistem de forma pacífica e harmônica no Brasil.
O filme, que estréia na sexta-feira em São Paulo, é composto por quatro curtas-metragens documentais. Para comprovar a sua tese, Nader mostra diversos personagens, brancos e negros, em seus cotidianos. Assim, ele prova como o racismo e a cor da pele influenciam as vidas dessas pessoas.
"Os problemas raciais estão longe de ser resolvidos no Brasil. Aliás, andam de mãos dadas com a questão social", disse Nader em entrevista à Reuters.
No primeiro episódio, o documentarista investiga como um homem branco e cego de nascença encara a questão do preconceito racial. "Meu interesse era saber como uma pessoa que nunca viu cores, encara a diferença entre o preto e o branco. O resultado foi inesperado", contou.
No segundo segmento, como o próprio Nader explicou, há a "lavagem de roupa suja entre um casal e um representante do Movimento Negro". Esse acerto de contas mostra a diferente visão de cada lado sobre a questão racial. O casal, formado por um branco e uma mãe de santo negra, tinha uma velha rixa com o homem e a discussão entre eles mostra como muitas pessoas encaram a diferença da cor de pele no Brasil.
O terceiro curta estabelece paralelos entre dois afro-descendentes de sucesso. De um lado está um advogado e de outro o rapper Sabotage, morto em 2003.
No último episódio, "Preto e Branco" retrata um casal que, segundo o próprio diretor, é até um clichê. "Mostramos o dia-a-dia de uma mulata, passista de escola de samba, casada com um holandês. Os dois viviam entre o Brasil e a Holanda e abordamos a questão racial na vida deles", definiu Nader.
O diretor contou que percebeu uma mudança ao longo dos anos e os negros deixaram de ter vergonha da sua cor. "Mulheres que se definiam como mulatas passaram a se assumir como negras. Isso reflete uma mudança na abordagem dessa questão", explica. Para o diretor, "elas passaram a sentir orgulho do que são".
Nader se interessou pelo tema quando vivia na Europa e trabalhava em redes de TV locais. Ele notou que o Brasil tem uma forma muito peculiar de lidar com a questão do preconceito racial.
Enquanto fazia um documentário sobre o assunto para um canal europeu, percebeu que este era um tema que poderia ser explorado. "Ao longo dos quatro anos que trabalhei nos curtas surgiram mudanças na abordagem da questão racial no Brasil", disse.
O tema central dos filmes do videomaker é a busca da identidade. Nader produziu diversos documentários para canais de televisão europeus e, em 2000, ganhou o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro na categoria melhor vídeo com o curta "Carlos Nader". Seu mais novo trabalho, "Cross", concorre no VideoBrasil 2005 no próximo mês.
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