domingo, 30 de março de 2008

Executivos - estaremos na próxima capa

A falta da visibilidade de lideranças negras deprime. Visibilidade, sim, pois lideranças negras e exemplos existem.

Temos que buscar na mídia estes casos e noticias sobre os novos líderes, preparados para o desafio deste novo século.

Brasiligual busca estas informações: mostrar que silenciosamente, o interesse na diversidade aumenta a cada dia e que a inserção do país no mundo provocará e será fruto da nossa ascensão.

_________________________________________
No blog da Miriam.

Executivos de Valor

Líderes brasileiros são todos iguais, só mudam de empresa

Caro leitor, dê uma olhada no jornal Valor Econômico desta terça. Lá na capa estão os retratinhos de 21 líderes de Valor, escolhidos como os "Executivos de Valor".

O que há de errado naquela longa fila de retratinhos? Eles são todos homens, e todos brancos! Tente fazer uma lista desta nos Estados Unidos e você terá muito mais diversidade. O Brasil acostumou-se com isso como se fosse normal, num país onde as mulheres tem mais escolaridade, que os homens, num país em que metade da população é classificada como negra pelo conceito do IBGE (que junta pretos e pardos), é no mínimo estranho que só haja destaque para homens brancos.

A culpa evidentemente não é do jornal. Ele é apenas o mensageiro. No universo onde escolhe os que se descatam e chegam às chefias das empresas são homens e brancos. As mulheres começam lentamente a furar o teto que as limitou à média gerência e algumas estão chegando aos boards das empresas. Mas é tão raro que, quando uma vira presidente, vira ao mesmo tempo uma celebridade.

As empresas brasileiras precisam olhar direito seus processos de seleção e de promoção porque, se olharem com honestidade, verão os mecanismos de filtro discriminatórios muito bem escondidos no jeitinho brasileiro de discriminar, o dissimulado.

Nenhum comentário:

Os homens invisiveis do Brasil

Às
vezes andando nas ruas de Copacabana, me sinto como um fantasma.

Estou ao lado das pessoas, mas percebo que sou uma incômoda presença. Quase os atravesso, q

<>

Cidadãos de bem, velozes, em suas avenidas mentais. O último tênis, o último corte de cabelo, estão apenas cuidando de si. Ilhas e ilhas.

Ah, como queira que aquele menino com suas bolas de tênis nos surpreendesse com a sua habilidade no saibro. Gugas negros.

Somos milhões. E somos etéreos como o ar, por que como maioria, apenas assim podem nos ser indiferentes. Não pesamos quase nada ( e somos milhões!), nos adaptamos a quaisquer situações ("nós faz tudo dotô!).

Cidadãos de bem. Vejo milhares passarem por mim, e mesmo tendo cumprido um verdadeiro roteiro de cinema eu não estou aqui.

Me olho no espelho da vitrine da loja da esquina. Muito jovem, nem mesmo eu me vejo na minha novela das oito.

Afinal quantos protagonistas negros eu já havia visto?

Um segundo, um milímetro e agarro aquela bolsa, dou um piparote naquele guarda, dou um aú e uma rasteira naqule velhinho. Ah, um arrastão! Um mar como eu, em disparada, algazarra, que meninada!

Mais uma vez quase desisto de tudo. Estou descumprindo o papel que está tatuado em minha pele. Sou um marginal. O fato de estar em condicional não altera o meu crime.