quinta-feira, 12 de abril de 2007

01/05/2006
Ontem no Fantástico, foi divulgada carta da Princesa Isabel defendendo um suporte mais amplo aos escravizados que foram libertados após o 13 de maio. Nesta carta, defendia a cessão de terras para que aquela comunidade ao obter o bem mais precioso de um ser humano não fosse desprovida dos meios justos para se inserir na sociedade.

Meses depois a Monarquia era derrubada. Um dos fatores, talvez minimizado pela historiografia nacional, foi a redução do suporte da oligarquia após a libertação dos escravizados.

A República brasileira nasceu como uma resposta de poder (pelo poder), e não retomou esta trajetória de inclusão desta população.

Ressaltemos que na época da libertação oficial o movimento abolicionista (liderado por negros e brancos, e não somente pelos últimos, como nas novelas) apoiado pelo maior movimento de desobediência civil da História Brasileira já haviam, de fato, destruído os alicerces do sistema escravocrata.

Agora, por quê às crianças brasileiras é ensinado que houve uma princesa que com uma assinatura libertou um povo?

Na verdade, este povo foi ajudado (a luta era de todos!) mas primordialmente, lutou, sangrou e morreu. Este povo foi herói.

Brasil Igual é pensar porque não nos orgulhamos de termos quebrado as correntes que nos subjugavam e nos contarem dia após dia que somos passivos.

Brasil Igual é saber que esta Velha História, nos enfraquece a todos, orientais, europeus, árabes, negros e índios que somos pilares deste país!

Nos textos abaixo, fica evidente que nós já começamos a pensar...

"Libertos, mas marginalizados
Um ano e meio mais tarde, a princesa Isabel, que seria a próxima imperatriz e a primeira mulher a governar o país, perdeu o trono com a Proclamação da República, em novembro de 1889. Os presidentes republicanos nunca tomaram nenhuma medida para integrar os ex-escravos e seus descendentes à sociedade. Apesar de libertos, os negros não receberam condições de ascender socialmente e de tornarem-se cidadãos de fato. O preconceito contra eles e a escassez de oportunidades permanece ainda hoje, quando os descendentes de africanos (negros e pardos) são 45% da população brasileira (cerca de 70 milhões de pessoas). "

http://www.sjose.com.br/educar.php?noticia_id=72

"Com o Exército se negando a perseguir escravos fugitivos e o fortalecimento do bloco abolicionista, o Parlamento aprovou o Decreto 3.353, extinguindo a escravidão no Brasil. Naquela manhã de domingo, 13 de maio de 1888, esse decreto foi levado ao palácio por uma comissão liderada por Joaquim Nabuco para ser sancionado pela princesa. A História lhe deu os louros da assinatura da Lei Áurea, mas os latifundiários, revoltados, se tornaram republicanos e depuseram a família real um ano depois."
Está aí um breve quadro da história da Abolição no Brasil.

http://www2.uol.com.br/simbolo/raca/0599/comp1_c.htm

Precisamos agora agir sincronizadamente..

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Os homens invisiveis do Brasil

Às
vezes andando nas ruas de Copacabana, me sinto como um fantasma.

Estou ao lado das pessoas, mas percebo que sou uma incômoda presença. Quase os atravesso, q

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Cidadãos de bem, velozes, em suas avenidas mentais. O último tênis, o último corte de cabelo, estão apenas cuidando de si. Ilhas e ilhas.

Ah, como queira que aquele menino com suas bolas de tênis nos surpreendesse com a sua habilidade no saibro. Gugas negros.

Somos milhões. E somos etéreos como o ar, por que como maioria, apenas assim podem nos ser indiferentes. Não pesamos quase nada ( e somos milhões!), nos adaptamos a quaisquer situações ("nós faz tudo dotô!).

Cidadãos de bem. Vejo milhares passarem por mim, e mesmo tendo cumprido um verdadeiro roteiro de cinema eu não estou aqui.

Me olho no espelho da vitrine da loja da esquina. Muito jovem, nem mesmo eu me vejo na minha novela das oito.

Afinal quantos protagonistas negros eu já havia visto?

Um segundo, um milímetro e agarro aquela bolsa, dou um piparote naquele guarda, dou um aú e uma rasteira naqule velhinho. Ah, um arrastão! Um mar como eu, em disparada, algazarra, que meninada!

Mais uma vez quase desisto de tudo. Estou descumprindo o papel que está tatuado em minha pele. Sou um marginal. O fato de estar em condicional não altera o meu crime.